Em silêncio, vestidos de preto e de luto "pelas vítimas, pelas casas destruídas e pela floresta". É assim que um grupo de cidadãos pretende manifestar-se em frente ao Parlamento, em Lisboa, durante a reunião extraordinária de ministros, agendada para sábado à tarde. A quem não puder ir a Lisboa, é pedido que se concentre nas sedes de concelho.
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O objetivo é "fazer pressão" para que "as medidas discutidas pelo Governo sejam aplicadas", disse ao JN uma das organizadoras da concentração, Joana Pereira. "Já não queremos saber qual é a teoria. Não precisamos de momentos simbólicos, precisamos uma mudança", referiu.
A ideia surgiu durante a tarde de domingo, quando Joana e os amigos, residentes em Figueira, no concelho de Proença a Nova, acompanhavam as notícias sobre os incêndios. "As Aldeias de Xisto já tinham ardido o ano passado. Desde então temos manifestado o nosso desconforto até porque sabíamos que o que aconteceu há um ano iria repetir-se. Agora, chega de conversa, vamos passar à ação", afirmou.
O "Movimento Fénix, renascer das cinzas", segundo Joana, pretende "dar voz" às preocupações de quem "não tem quem as defenda". "As pessoas não têm a floresta apenas para paisagens, precisam dela para viver. Há muitas formas de morrer e uma pessoa de 80 anos que fica sem a sua horta para viver, também acaba por morrer. Queremos defender estas pessoas. Esse é o papel do estado e não está a ser cumprido", salientou.
Nas redes sociais, há outros três protestos em preparação. Para esta terça-feira estão agendadas duas concentrações. A primeira, em Belém (Lisboa), em frente à residência oficial do presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, pelas 19.30 horas; a segunda no Terreiro do Paço, também em Lisboa, pelas 21 horas. Neste caso, é pedido aos participantes que se vistam de branco e utilizem um lenço vermelho ou laranja. Sábado, o movimento "União de Todos" sugere dois protestos, um na Praça Luís de Camões, em Lisboa, e outro na Avenida dos Aliados, no Porto, pelas 16 horas.
Na Galiza, Espanha, milhares de pessoas saíram à rua, segunda-feira, em protesto contra os incêndios que causaram quatro mortes naquela região espanhola a norte de Portugal, durante o fim de semana.