Manuel Abrantes e Jorge Ritto, condenados no processo Casa Pia, viram, esta quinta-feira, a prisão confirmada no Estabelecimento da Carregueira, depois de resolvidas questões administrativas.
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À saída do estabelecimento prisional em Belas, Sintra, Marta Saramago, advogada de Manuel Abrantes, confirmou que o ex-provedor-adjunto da Casa Pia e o antigo embaixador "ficaram presos".
O ex-provedor da Casa Pia, Manuel Abrantes, e o ex-embaixador Jorge Ritto, apresentaram-se, esta quinta-feira de manhã, no Estabelecimento Prisional da Carregueira, no concelho de Sintra, para cumprir as penas de prisão a que foram condenados no âmbito do processo Casa Pia. No entanto, acabaram por sair porque, segundo fonte judicial, teriam de ser resolvidas "questões administrativas". Entretanto, regressaram à prisão ao início da tarde.
Esta manhã, o primeiro a chegar à porta das instalações daquele estabelecimento prisional no concelho de Sintra foi o antigo embaixador Jorge Ritto, mas Manuel Abrantes acabou por entrar primeiro nas instalações da Carregueira, para cumprir o que resta da pena a que foi condenado por abuso de menores.
Jorge Ritto esteve 45 minutos à espera de autorização, dentro de um carro junto à prisão, tendo entrado cerca das 10.30 horas para dar início ao cumprimento da pena.
Em declarações à porta da prisão, Manuel Abrantes disse à Lusa que se ia entregar "de livre vontade" na Carregueira para cumprir a pena de prisão, mas que ainda não fora notificado do mandado de condução à cadeia, ainda que tivesse conhecimento de que já tinha sido emitido.
"Gostaria que os senhores jornalistas tivessem a coragem de investigar um pouco mais tudo isto. Sei que a maior parte deles que acompanharam o processo sabem e reconhecem (...) que isto é de uma autêntica aldrabice, isto é um linchamento de pessoas, por alguma razão, não sei, o que é certo é que eu estou inocente, rigorosamente inocente", disse.
"À porta da cadeia, o antigo provedor-adjunto da Casa Pia voltou a manifestar a sua inocência neste processo, que envolveu abusos sexuais a menores da instituição.
Às 12.20 horas, Manuel Abrantes e Jorge Ritto abandonariam as instalações do Estabelecimento Prisional da Carregueira. Segundo a SIC, a detenção não foi aceite devido à falta de um papel. Segundo fonte judicial, Manuel Abrantes e Jorge Ritto receberam autorização para irem almoçar fora enquanto se estão a resolver as questões administrativas.
Já ao início da tarde, Manuel Abrantes e Jorge Ritto regressaram de almoço e voltaram a entrar no estabelecimento prisional, tendo sindo confirmada a sua prisão.
Na terça-feira, Carlos Cruz também se apresentou na prisão da Carregueira para cumprir a pena de prisão a que foi condenado no âmbito do processo Casa Pia.
O ex-apresentador foi condenado a seis anos de cadeia (por três crimes de abuso sexual) e, como já cumpriu um ano e quatro meses de prisão preventiva, falta-lhe cumprir quatro anos e oito meses.
Além de Carlos Cruz, foram condenados no processo Casa Pia o antigo motorista da instituição, Carlos Silvino (15 anos de prisão), o médico Ferreira Dinis (sete anos de prisão, já cumpriu 16 meses), Manuel Abrantes (cinco anos e nove meses, já cumpriu 12 meses) e Jorge Ritto (seis anos e oito meses, já cumpriu 13 meses).
O médico Ferreira Dinis é o único ainda em liberdade. Fonte ligada ao processo esclareceu à Lusa que, relativamente ao arguido e médico Ferreira Diniz, não existe qualquer recurso, mas sim um requerimento invocando a prescrição de dois crimes pelos quais foi condenado.
Este requerimento não tem efeitos suspensivos, adiantou, pelo que aquele arguido poderá também, a qualquer momento, recolher à prisão. Ferreira Diniz foi condenado a sete anos de cadeia, tendo já cumprido 16 meses de prisão preventiva.
Carlos Silvino, antigo motorista da Casa Pia, foi o primeiro condenado neste mediático processo a ser detido, após o trânsito em julgado da sentença, e está igualmente na cadeia da Carregueira a cumprir 15 anos de prisão.