O Presidente da República manifestou, esta segunda-feira, apoio à realização de uma auditoria à gestão financeira das indústrias de Defesa, em nome da transparência, a propósito do caso que envolve o ex-secretário de Estado Marco Capitão Ferreira.
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"Eu penso que se houver essa ideia é uma boa ideia, em homenagem à transparência", declarou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, no fim de uma iniciativa no antigo picadeiro real, junto ao Palácio de Belém, em Lisboa.
Interrogado sobre a exoneração do secretário de Estado da Defesa, Marco Capitão Ferreira, constituído arguido no âmbito do processo "Tempestade Perfeita", que levou a buscas no Ministério da Defesa, o chefe de Estado e comandante supremo das Forças Armadas não quis comentar esta saída do Governo.
No entanto, a propósito deste caso, referiu que lhe "pareceu perceber que há intenção do Ministério da Defesa de solicitar ou determinar a instauração de uma auditoria às indústrias de Defesa, à sua gestão financeira, às suas contas".
"Nomeadamente nos últimos anos, desde 2020, que penso ter sido o ano a que se reportam as últimas contas conhecidas", especificou, manifestando o seu apoio a uma auditoria com este âmbito.
O presidente da República considerou ainda que o primeiro-ministro não pode ter pretendido desvalorizar a importância da transparência e da corrupção para os portugueses, que "certamente isso foi um mal entendido".
Sem se pronunciar sobre este caso em concreto, o chefe de Estado defendeu que os portugueses "são muito sensíveis à transparência e à corrupção, mas à transparência em geral". "Não é possível separar a visão da inflação, a situação económica, a situação social da ideia que os portugueses têm sobre o uso de dinheiros públicos, porque são dinheiros deles", argumentou Marcelo Rebelo de Sousa.
Interrogado se não interpretou as palavras do primeiro-ministro, António Costa, como uma desvalorização deste caso, respondeu: "Eu nunca diria que ele teria dito que a transparência ou a corrupção não era importante para os portugueses. Certamente não o disse".
Segundo o Presidente da República, "certamente isso foi um mal entendido, porque ninguém iria desvalorizar uma realidade dessas".
No sábado, antes de uma reunião informal do Conselho de Ministros, em Sintra, o primeiro-ministro não comentou a exoneração de Marco Capitão Ferreira do cargo de secretário de Estado da Defesa, apelando a que se deixe "a justiça funcionar".
"Nós vamo-nos hoje concentrar naquilo que importa à vida dos portugueses, e, sem querer diminuir aquilo que preocupa muito os comentadores e o espaço político, aquilo que eu sinto que preocupa as pessoas são temas bastante diferentes", afirmou António Costa.
O chefe do executivo referiu que os portugueses com quem fala na rua lhe manifestam preocupações "que têm pouco a ver com esses assuntos", mas antes com temas como o combate à inflação, a melhoria dos rendimentos, os desafios no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e a "enorme transformação da economia portuguesa".