Marcelo Rebelo de Sousa comprou, este domingo, em Nova Iorque um livro sobre "o declínio" de Joe Biden e anteviu o reencontro com Donald Trump, com quem considerou ter criado "uma boa empatia" no primeiro mandato do presidente norte-americano.
Corpo do artigo
O presidente da República falou aos jornalistas à saída da livraria Barnes & Noble, onde comprou o livro "Pecado original: O declínio do presidente Biden, o seu encobrimento e a escolha desastrosa de se recandidatar", escrito pelos jornalistas Jake Tapper e Alex Thompson, na versão original, em inglês.
Marcelo Rebelo de Sousa irá estar com Donald Trump na terça-feira ao fim do dia, na habitual receção oferecida pelo presidente dos Estados Unidos da América aos chefes de delegação presentes em Nova Iorque para a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).
Interrogado sobre o que espera desse breve reencontro, respondeu: "Se eu conheço bem o presidente Trump, e eu conheço-o bem, porque criou-se uma boa empatia no primeiro mandato, ele é uma pessoa muito extrovertida e muito divertida". "Tem de se ver como é que o presidente está", declarou.
Leia também Trump tem funcionado como um "ativo soviético" da Rússia, diz Marcelo
"Mas ele é muito como é. A sensação que eu tenho, recordando como o conheci, e estive várias vezes no mandato anterior, é o mesmo estilo, a mesma maneira de ser", acrescentou.
O chefe de Estado recordou que esteve com Trump no funeral do Papa Francisco, em abril deste ano: "Eu fiquei atrás dele sentado, ele ficou na primeira fila, eu fiquei na segunda fila".
"Cumprimentámo-nos, e ele na altura estava surpreendido por eu ainda estar na política", contou, adiantando ter explicado que quando se conheceram estava no início do primeiro mandato e agora está no fim do segundo mandato de cinco anos.
"Ele normalmente é uma pessoa extrovertida e muito disposta", reiterou.
Marcelo Rebelo de Sousa fará na terça-feira a sua sexta e última intervenção em representação de Portugal no debate anual entre chefes de Estado e de Governo dos 193 Estados-membros da ONU, em que também participou em 2016, 2018, 2019, 2021 e 2023.
"O presidente [norte-americano] dá no primeiro dia de trabalhos uma receção, e portanto eu já tive a oportunidade de estar com três presidentes: no último ano de Obama, depois várias vezes com o presidente Trump, e também com o presidente Biden", salientou.
O chefe de Estado referiu que essas receções aconteceram "em sítios diferentes, um faziam num hotel, o presidente Biden num museu", envolvem "esperas em fila indiana" e o tempo do presidente dos Estados Unidos da América com cada convidado costuma ser "muito rápido".
"Normalmente é rápido. Tira-se a fotografia, antes da fotografia, depois da fotografia, ele levanta um tema, ou levanta-se um tema", descreveu.
No entanto, algumas vezes, por ser "o último a chegar, ou dos últimos a chegar", teve mais tempo de conversa, por exemplo, com Barack Obama, em 2016: "Foi uma vantagem, porque ele tinha um fotógrafo açoriano e tinha um cão português. E, como fui o último, estivemos a falar".
Marcelo Rebelo de Sousa lembrou também um episódio numa das receções oferecidas por Trump: "Fui o último, ou penúltimo, uma das vezes, com o presidente da Ucrânia, Poroshenko, e com o ministro Lavrov, russo - que não se falavam. E, portanto, ficámos os três ali, e acabei de ser eu a ter conversa com os dois".
"Às vezes, dá para falar, curto, de temas políticos. Lembro-me que, uma vez, com o presidente Trump, os democratas tinham introduzido o 'impeachment', e ele - já nos conhecíamos, já tinha tido um encontro na Casa Branca - quis saber a minha opinião sobre isso", relatou.
O chefe de Estado alertou desde o início para a possibilidade de a nova administração norte-americana se aproximar da Rússia e se afastar da Europa.
No fim de agosto, à conversa com jovens, considerou que Trump tem funcionado objetivamente como "um ativo soviético, ou russo", favorecendo a Federação Russa na guerra contra a Ucrânia.