Marcelo Rebelo de Sousa defendeu, esta quinta-feira, que "o que nos tem faltado" não é "perceção de que é preciso uma estratégia" global para a sustentabilidade que inclua o mar. "O que nos tem faltado talvez é unidade da liderança dessa estratégia", que "é fundamental", e "manter essa unidade na ação". O presidente da República avisou ainda que "não podemos ficar à espera dos custos finais" da pandemia e da guerra e criticou as cimeiras que "são salvas nos últimos instantes", sem acordos prévios.
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Na abertura da conferência "Mar, porta para o futuro", que assinala os 134 anos do Jornal de Notícias no Terminal de Cruzeiros, em Matosinhos, o presidente da República defendeu que "a estratégia tem de ser global" porque "se falhar um dos pilares falham os outros".
Além disso, o chefe de Estado avisou que "não podemos ficar à espera do fim da guerra e dos custos finais da guerra" na Ucrânia "para agirmos".
"De mãos dadas com a descentralização"
"A estratégia tem de ser global", insistiu Marcelo Rebelo de Sousa, considerando que desafios como o da sustentabilidade e dos oceanos têm de andar "de mãos dadas com a transição energética, a transição digital, a descentralização e a mobilização da coletividade para este desígnio".
"Tem de ser feito tudo ao mesmo tempo, se falhar um dos pilares falham todos", defendeu, por isso, o chefe de Estado.
Marcelo ressalvou que a unidade não é só "saber o que se quer". "E eu acho que sabemos". Para o presidente, "é preciso manter essa unidade na ação. A unidade tem que estar na ação", reforçou.
Questões fundamentais para "último segundo"
Em seguida, o chefe de Estado alertou que "não podemos perder tempo e ficar à espera dos custos finais do pós-pandemia e da guerra". Como exemplo, avisou que depois "poderá ser tarde para utilizar certos fundos".
Foi então que surgiu o comentário de que as cimeiras devem ser antecedidas de negociação e acordos: "Normalmente, não se deve discutir até o último segundo questões fundamentais que não foram acordadas durante meses, para não dizer anos". Isso "é meio caminho andado para se ficar a meio caminho", mas "tem acontecido em várias cimeiras sobre estas temáticas", criticou. Habitualmente, regista Marcelo, "consegue-se salvar as cimeiras nos últimos instantes".
A propósito do aniversário do Jornal de Notícias, o presidente da República defendeu que "o JN nasceu de um ato de coragem".
"Inovação é realidade em setores tradicionais"
Antes de Marcelo Rebelo de Sousa, a abertura da conferência contou com Marco Galinha, CEO do Global Media Group, de Inês Cardoso, diretora do Jornal de Notícias, e de Augustin Olivier, vice-presidente do Fórum Oceano.
Marco Galinha destacou o contributo do JN para "percebermos que a retoma económica já está a acontecer e a inovação é uma realidade em setores tradicionais como a pesca".
"Temos em Portugal condições para enfrentar ventos e marés. Hoje damos um passo nesse sentido", sublinhou o CEO do grupo.
Inês Cardoso, diretora do "Jornal de Notícias", destacou que, ao celebrar os seus 134 anos, este jornal escolhe "acreditar nas potencialidades do território, na capacidade de adaptação dos setores tradicionais", bem como no esforço de inovação. E continua, do mesmo modo, tão "sedento de futuro" como no momento da sua fundação.
"Respondemos às dificuldades com resiliência", sublinhou ainda a diretora do JN, notando que está mais digital e mais presente nas redes, mas sem esquecer o seu foco principal, que são as populações e os seus problemas, numa lógica de proximidade. "Obrigada a todos que são da família JN", concluiu Inês Cardoso.
Augustin Olivier, vice-presidente do Fórum Oceano, defendeu, por sua vez, que "para termos economia" é preciso haver, na estratégia do mar, atividades económicas para além "das bolas de Berlim e da sardinha".