O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu esta quarta-feira territórios mais próximos, dinâmicos e coesos, destacando a importância da transição digital aliada à descentralização territorial, no âmbito da conferência "Territórios em Transição" de celebração do 133.º aniversário do Jornal de Notícias.
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Na abertura da conferência, em Vila Nova de Gaia, foi transmitida uma intervenção audiovisual de Marcelo Rebelo de Sousa, de visita oficial à Bulgária. O chefe de Estado, que começou por dirigir "uma palavra muito amiga" ao JN, elogiou a sua aposta em territórios digitais.
Falou dos grandes desafios para os próximos anos, recuperando os prejuízos provocados pela pandemia, com regresso a 2019, mas também aproveitando para fazer "melhoramentos" e "grandes saltos", entre os quais nas transições energética e digital. Mas os desafios terão também de "significar territórios mais próximos, mais intervenientes, mais dinâmicos e coesos". E o JN propõe-se a desempenhar a tarefa da "didática" e da "pedagogia neste domínio".
"Territórios digitais significam antes de mais a preocupação com a descentralização territorial, com a coesão territorial, a coesão social", com superação das desigualdades "gritantes", das "assimetrias e das injustiças no território português", avisa o presidente.
"Vacina contra a ignorância"
A sessão de abertura contou com uma intervenção de Marco Galinha, CEO do Global Media Group. Sobre o JN, destacou a "estreita ligação à comunidade e às pessoas" e, quando se vai regressando à normalidade em contexto de pandemia, disse ser tempo de "transição económica, social e até política". Ao mesmo tempo, o país terá que estar à altura dos objetivos estruturais do Plano de Recuperação e Resiliência.
Marco Galinha acrescentou que "também os jornais são atores de mudança" e destacou a aposta do Global Media Group na digitalização e em transformar-se na "casa da Lusofonia".
"Estamos conscientes dos desafios que enfrentamos e tudo faremos para defender um jornalismo de qualidade porque só cidadãos informados podem tomar decisões esclarecidas", prosseguiu o presidente do Conselho de Administração. Além disso, recordou que os media são a maior fonte de informação fidedigna que consegue lutar contra as fake news e uma "boa informação é a maior vacina contra a ignorância".
"O nosso poder são os leitores"
Inês Cardoso, diretora do Jornal de Notícias, sublinhou que o JN tem resultados financeiros positivos mas sofre a pressão do mercado. "Sentimos o inevitável impacto de um país em crise", destacou na conferência. O JN "tem sofrido a pressão de objetivos exigentes num tempo de acelerada mudança". Além disso, sem sustentabilidade económica não há liberdade editorial.
A diretora do JN defendeu depois uma reflexão coletiva e destacou o papel que os jornais desempenham "em territórios de baixa densidade", em que a distribuição não traz rentabilidade.
Inês Cardoso defendeu também ser "importante refletir sobre o risco das fake news e das ameaças à liberdade", aludindo ao artigo 6.º da carta portuguesa de direitos humanos na era digital.
"O nosso único poder são os leitores" de um JN "livre e resistente" com uma história que é bem mais "do que a soma de quem vai passando por ele".
"JN dá voz à região"
Eduardo Vítor Rodrigues, presidente da Câmara de Gaia, começou por recordar que quando "era pequenino" passava as manhãs de domingo com o pai na leitura do JN e depois nas palavras cruzadas.
Destacou que o peso do jornal não se mede apenas pelas vendas, notando que em Gaia não existe "praticamente nenhum café onde o JN não esteja em cima da mesa".
"Este JN é a marca da nossa região" e está "a ajudar a mudar a região, servindo-lhe de voz", rematou o autarca.