Marcelo diz que eleições foram "juízo coletivo" que reforçou a confiança política em Montenegro
O presidente da República considera que as eleições de 18 de maio foram um "juízo coletivo" que reforçou a "confiança política" em Luís Montenegro. Mas Marcelo Rebelo de Sousa alerta: a escolha dos portugueses não representa "um cheque em branco". O novo Governo toma posse esta tarde no Palácio da Ajuda.
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Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que os resultados reforçaram a confiança política no primeiro-ministro reeleito numa escolha eleitoral "fortemente personalizada", apesar das dúvidas éticas e morais levantadas pelo comportamento de Luís Montenegro no caso Spinumviva que marcaram a campanha - e que levaram ao chumbo da moção de confiança que determinou a queda do Executivo.
"Atendendo a juízes éticos ou morais de integridade, ou idoneidade, os resultados mostraram que o juízo coletivo reforçou a confiança política nele [no primeiro-ministro]", advertiu na cerimónia de tomada de posse do Governo, esta quinta-feira, no Palácio da Ajuda.
O presidente da República reconheceu que os portugueses deram uma vitória reforçada à AD (PSD-CDS), que, "avaliado o desempenho durante 11 meses [de governação], não acharam que se justificasse ser punida, antes criadora de maior votação", sublinhou.
Mas alertou que essa escolha não representou um "cheque em branco". Foi um prémio a quem os portugueses "consideraram o caminho mais seguro", mas "sem a intenção de entregar um crédito ilimitado".
No seu discurso, o chefe de Estado identificou várias lições eleitorais, a começar pela reafirmação da participação dos portugueses nas eleições de 18 de maio, que contrariou a expectativa da abstenção subir.
Para o presidente, os resultados mostraram também que os portugueses decidiram “castigar” o PS, mas nota que as últimas duas eleições mostraram uma tendência que já não é novidade em democracia. “As forças políticas e as lideranças não são eternas”, resumiu.
Todavia, os portugueses "não se limitaram a substituir" um ciclo político por outro, notou, explicando que, tal como se está a verificar há mais tempo na Europa, “os moderados começaram a perder peso”. E o populismo, que “outros mais otimistas desvalorizaram”, chegou, apontou o presidente, recordando o aviso que deixou no discurso do 25 de Abril em 2018.
A meta agora "é bem mais ambiciosa"
Ao dirigir-se diretamente a Montenegro, Marcelo reconheceu os esforços feitos, mas avisou que a “meta agora é bem mais ambiciosa”. “Tem de ir à raiz estrutural do que precisa de se ajustar ao novo Portugal”, afirmou, destacando setores como a habitação, educação, saúde e defesa.
O presidente pediu impulso nas reforças, nomeadamente a aceleração do uso dos fundos europeus, o estímulo ao investimento e às exportações, com vista ao aumento do poder de compra e à valorização salarial, sem esquecer "os mais pobres" e "excluídos".
O primeiro-ministro terá de o fazer “sem maioria absoluta, mas com maioria reforçada, e com abertura das oposições", referiu, aludindo à disponibilidade do PS e do Chega para negociar.
O Executivo deve agora entregar, no prazo de dez dias, o seu programa governativo, que vai ser debatido no Parlamento nos dias 17 e 18 de junho. Ainda esta tarde pode ser conhecida a lista de secretários de Estado, que serão empossados na sexta-feira.