Marcelo diz que "seria bom" ficar a "saber-se mais" sobre realidade associativa
O presidente da República defendeu que "seria bom" que se ficasse a "saber mais" sobre a realidade associativa em Portugal, após ter sido noticiado que os conselhos de compatriotas russos são monitorizados pelos serviços de informação desde 2014.
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"Talvez uma das conclusões seja a de haver um acompanhamento em termos de conhecimento, respeitando as regras próprias do Estado de direito, daquilo que se passa num conjunto de entidades, que por natureza são livres: podem ser constituídas, podem ser modificadas, podem ser extintas", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.
O presidente da República falava aos jornalistas à saída do VII Congresso Nacional da Associação Cristã de Empresários e Gestores (ACEGE), que decorre esta sexta-feira e sábado na Universidade Católica, em Lisboa, tendo reagido à notícia do semanário "Expresso" segundo a qual o líder da comunidade russa em Setúbal, Igor Khashin, que participou no acolhimento de refugiados ucranianos com a mulher, já é monitorizado pelo Serviço de Informações e Segurança (SIS) há alguns anos.
Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou que a realidade associativa "muda ao longo do tempo", porque "são várias instituições no seio da sociedade que vão aparecendo, desaparecendo, mudando no tempo, num período longo".
"Talvez fosse bom que os portugueses soubessem qual é essa realidade social", reforçou.
Questionado pelos jornalistas se esse é um apelo que faz ao Governo, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu: "Não, é um apelo que estou a fazer a todos nós".
O chefe de Estado frisou que "a sociedade portuguesa, como todas as sociedades, estão a mudar muito e esta mudança, numa sociedade aberta, que envolve entradas e saídas, emigração e imigração, criação de novas entidades, modificação de entidade, torna muito difícil, porventura, o acompanhamento de todos esses fenómenos, de todas essas mudanças".
"Talvez uma das lições daquilo que se venha a apurar é ficar a saber-se mais, ou a perceber-se porque é que é preciso acompanhar-se de forma mais atenta aquilo que é essa riqueza social, por uma questão de transparência, respeitando sempre as regras de um Estado de direito democrático", frisou.
Interrogado se espera com celeridade resultados no que se refere à situação na Câmara Municipal de Setúbal, Marcelo disse esperar que, à medida que a democracia portuguesa "melhora a sua qualidade", que também "seja mais exigente, escrutine mais, exija mais transparência, e aquilo que, há 30 anos, há 20 anos, há 10 anos, não constituía uma exigência cívica, passe a constituir".
"É natural, não é dramático. O viver em liberdade e democracia não é um drama, deve ser a normalidade. O achar que é patológico é que é patológico", frisou.