O primeiro-ministro e o presidente da República almoçam juntos, esta quinta-feira, no Palácio de Belém, em Lisboa, após o encontro com epidemiologistas no Infarmed. Tratando-se da habitual reunião semanal, à mesa estará certamente o episódio da mini-crise com Mário Centeno, por agora aparentemente sanada.
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O almoço privado entre António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa não consta da agenda de nenhum dos dois, mas já foi confirmado pelo JN, tratando-se da habitual reunião das quintas-feiras, uma vez que, à tarde ,o primeiro-ministro recebe os partidos, antes do avanço para a segunda fase de desconfinamento na segunda-feira.
Desta feita, o encontro reveste-se de um significado especial, depois de, quarta-feira à noite, António Costa ter estado várias horas reunido com o ministro das Finanças em São Bento para tentar dar por sanada a "falha de informação" por parte de Mário Centeno sobre a transferência de 850 milhões de euros para o Fundo de Resolução do Novo Banco (NB). O episódio está debaixo dos holofotes da oposição, designadamente do líder do PSD, Rui Rio, que ontem acusou o ministro das Finanças de falta de lealdade e desafiou Costa a demiti-lo.
Para já, certo é que Centeno permanece no Governo pelo menos até julho, até à entrega no Parlamento do Orçamento Retificativo. Resta saber se é para ficar ou se mantém a vontade de sair, eventualmente para ocupar o lugar de governador do Banco de Portugal, que vai ser deixado vago em julho por Carlos Costa.
Marcelo dá razão a Costa
A "falha de comunicação" ao gabinete do primeiro-ministro - que foi forçado a pedir desculpas ao Bloco de Esquerda, depois de ter dito, no último debate quinzenal, que não haveria transferências antes da conclusão da auditoria em curso ao NB - dominou ontem a atualidade política, com o presidente da República a sair em defesa do primeiro-ministro e a puxar a tapete à atuação de Mário Centeno.
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"O senhor primeiro-ministro esteve muito bem no Parlamento quando disse que fazia sentido que o Estado cumprisse as suas responsabilidades, mas naturalmente se conhecesse previamente a conclusão da auditoria", reforçou Marcelo Rebelo de Sousa, à margem de uma visita com o primeiro-ministro à Autoeuropa.
Questionado se considera que, então, o ministro das Finanças esteve mal, o presidente da República retorquiu: "Não, significa aquilo que eu disse: há uma auditoria que tinha sido anunciado que estaria concluída em maio deste ano, respeitando a 2000-2018, para os portugueses não é indiferente cumprir compromissos com o conhecimento exato do que se passou num determinado processo ou cumprir compromissos e mais tarde vir a saber como é que foi esse processo até 2018".
No final do encontro em São Bento, o gabinete do primeiro-ministro divulgou uma nota à imprensa onde António Costa reafirmou a confiança pessoal e política no ministro das Finanças, revelando que a reunião serviu para e preparar a reunião do Eurogrupo de sexta-feira e começar a preparar o Orçamento Suplementar que será apresentado à Assembleia da República em junho.
"Espírito de equipa" é para manter
O apoio de Marcelo a Costa e o puxar de tapete a Mário Centeno acabou por coincidir com um desafio público por parte do primeiro-ministro a uma recandidatura a Belém, dando-a deste já como vencedora. Marcelo ouviu, não se comprometeu, mas reafirmou o "espírito de equipa" com António Costa.
"Nós vamos ultrapassar esta pandemia e os efeitos económicos e sociais este ano, no ano que vem, nos anos próximos. E eu cá estarei, e cá estaremos todos, porque isto é um espírito de equipa que se formou e que nada vai quebrar. Cá estaremos este ano e nos próximos anos a construir um Portugal melhor", declarou o chefe de Estado com António Costa perto de si.