O presidente da República afirmou, este sábado, que não deseja voltar ao tema do conflito aberto entre si e o Governo, pelo menos durante as "próximas semanas". "Os portugueses ouviram-me atentamente e perceberam", referiu Marcelo Rebelo de Sousa, em Londres, aludindo à comunicação que fez ao país na última quinta-feira. "Não compete ao presidente ser comentador", reiterou.
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"Falei há três dias e aquilo que disse, disse", frisou o chefe de Estado. "Não tenciono estar a comentar o que os comentadores dizem daquilo que eu disse", acrescentou, numa intervenção em que foi recusando, por diversas vezes, responder às perguntas dos jornalistas sobre o episódio desencadeado pela recusa do primeiro-ministro em demitir o ministro João Galamba.
Marcelo assegurou que não voltará ao assunto "nem hoje, nem nos próximos dias, nem nas próximas semanas". Questionado sobre o que significa estar "mais atento" ao Governo - uma das garantias que deixou na quinta-feira -, voltou a recusar entrar em mais pormenores, dizendo ter sido "muito claro" quando falou ao país e referindo que "o papel do presidente não é interpretar-se a si próprio".
Marcelo também evitou dizer se, no seu entender, o episódio a envolver os serviços de informação está esclarecido. "Tudo aquilo que eu quis abordar, abordei", respondeu.
O Serviço de Informações de Segurança (SIS), recorde-se, foi informado do alegado roubo de um portátil do ministério das Infraestruturas, que terá sido levado a cabo pelo ex-adjunto de Galamba, Frederico Pinheiro. Embora o Conselho de Fiscalização do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP) tenha garantido que tudo se passou dentro da legalidade, a Oposição tem exigido mais esclarecimentos.
Marcelo Rebelo de Sousa também confirmou a data e local da próxima cimeira do Grupo de Arraiolos, o encontro anual de chefes de Estado da União Europeia. "É no Porto, a 5 e 6 de outubro, que reunirá a cimeira", informou.
Já a cimeira da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) ocorrerá "na última semana de agosto", adiantou ainda o presidente.