Marcelo remete para o filho explicações sobre caso das gémeas: "É maior e vacinado"
O presidente da República demarcou-se, esta sexta-feira, das alegadas pressões que o seu filho terá feito no sentido de conseguir um tratamento milionário no SNS para duas gémeas luso-brasileiras. "Terão de perguntar ao próprio. Tem 51 anos, é maior e vacinado", limitou-se Marcelo Rebelo de Sousa a responder.
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O chefe de Estado também contestou o conteúdo do relatório da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS), que o acusa de ter condicionado a investigação em torno desse caso. Explicou que, num primeiro momento, não enviou à referida entidade a informação que esta pedira porque "o Ministério Público considerou que era segredo de justiça".
Falando sempre no plural - e na Presidência -, Marcelo referiu que Belém "achou por bem verificar" se existia, de facto, segredo de justiça. Após a Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos (CADA) ter concluído que "havia razões que justificavam a divulgação" da informação, os documentos acabaram por ser enviados à IGAS, relatou.
"Foi pedido em dezembro e entregue em janeiro", vincou o presidente, após a cerimónia da tomada de posse dos secretários de Estado. Acrescentou que se passou o mesmo quando, pela mesma altura, a TVI solicitou o acesso à referida documentação.
Não comenta pedido de comissão parlamentar de inquérito
Marcelo também se demarcou de um e-mail onde o seu filho, Nuno Rebelo de Sousa, terá usado o seu nome para pressionar a Presidência e o ministério da Saúde a submeterem as gémeas ao tratamento - outra das conclusões do relatório da IGAS. "Terão de perguntar ao próprio. Tem 51 anos, é maior e vacinado", atirou.
Recorde-se que, em dezembro, o chefe de Estado tinha descrito a alegada pressão feita pelo seu filho como "totalmente inaceitável", caso esta viesse a comprovar-se. Marcelo já tinha admitido ter recebido um e-mail de Nuno Rebelo de Sousa a alertá-lo para a situação das gémeas, embora tenha negado qualquer favorecimento.
Questionado sobre a intenção do Chega em constituir uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) sobre o caso, Marcelo recusou comentar. Justificou que, embora isso tenha passado "despercebido", já convocou as eleições europeias (para 9 de junho), pelo que o país está "em período pré-eleitoral".
Esta sexta-feira, o líder do PS, Pedro Nuno Santos, considerou que o tema do alegado favorecimento às gémeas é "muito sério", mas remeteu para a bancada parlamentar a decisão de acompanhar o pedido de CPI. O BE e o PCP vão solicitar o acesso ao relatório da IGAS.