Marcelo sobre navio acusado de transportar armas para Israel: "Já ouvi várias versões"
O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, escusou-se, este sábado à noite, a comentar o atracamento em Lisboa de um navio que alegadamente transporta material militar norte-americano para Israel, por não ter informação suficiente sobre o caso.
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"Com mais informação, logo verei se há ou não razão para me pronunciar", respondeu o chefe de Estado, após ser questionado pelos jornalistas sobre o caso, em Vila Viçosa, no distrito de Évora.
Marcelo Rebelo de Sousa, que falava no final de um concerto integrado nas celebrações do dia do Estado Maior General das Forças Armadas e do seu patrono, que se realizam nesta vila alentejana, explicou que não teve oportunidade de falar ainda com o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros sobre o caso.
"Já ouvi várias versões, mas não me vou pronunciar sobre uma matéria que é muito específica, muito sensível, num momento sensível sobre um tema sensível que diz respeito ao conflito em curso no Médio Oriente", salientou.
Questionado sobre se está preocupado, o presidente da República afirmou: "Poderei estar ou não preocupado, conforme a matéria que apurar".
Sobre a eventual crise política na Madeira, depois de o PS local ter anunciado o voto a favor à moção de censura do Chega ao Governo Regional liderado por Miguel Albuquerque (PSD), o chefe de Estado foi igualmente parco em palavras.
"Veremos a evolução dos acontecimentos", mas "qualquer opinião sobre um processo parlamentar em curso que culmina na votação de uma moção de censura é o Presidente da República a condicionar ou pressionar a decisão do parlamento madeirense", assinalou. "Portanto, não é aconselhável, em termos de respeito à autonomia da Madeira", acrescentou.
Dezenas em protesto contra navio
Várias organizações apelaram ao Governo português para que revogasse a autorização da atracagem do navio Nysted MAERSK e proíba o trânsito em mar português de navios que transportem armas para Israel.
A denúncia partiu do Comité Nacional Palestiniano BDS (Boicote, Desinvestimento, Sanções), que afirma que o navio esteve envolvido, durante meses, em mais de 400 transportes ilegais de armas para Israel, através do uso do porto espanhol de Algeciras.
Segundo o BDS, o Governo espanhol terá proibido a utilização daquele porto e, por isso, a solução alternativa passou a ser Portugal.