As cerca de 300 viaturas de pesados de mercadorias que estão há vários dias paradas no Carregado, em Alenquer, vão dirigir-se Porto de Mós (Leiria) depois de terem cancelado a marcha lenta que chegou a estar prevista ir até Lisboa, esta quinta-feira, por considerarem insuficientes as medidas de apoio decididas pelo Governo.
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O porta-voz da plataforma de camionistas "Sobrevivência do Setor", Paulo Paiva, disse, esta quinta-feira, em declarações à RTP 3, que a marcha lenta que iria ocorrer às 17 horas ficou sem efeito, porque os motoristas tiveram acesso "às medidas que o Governo vai adotar para poder mitigar os custos".
"Entretanto, [os motoristas] viram que pelo menos uma das medidas que era imperativa que era a questão do IVA [...] e a redução das portagens da classe 4 para a classe 2 não foram atendidas e a plataforma resolveu manter o protesto, saindo ao encontro de outros empresários do setor na zona centro nomeadamente em Porto de Mós", afirmou, revelando que os camiões terão escolta das autoridades policiais.
A marcha chegou a estar marcada para as 17 horas mas, devido a novas informações do Governo e na expectativa da chegada de mais veículos, foi adiada. Empresários e camionistas estiveram reunidos em plenário até as 19 horas, tendo decidido cancelar a marcha lenta marcada para Lisboa.
A plataforma foi criada através do Whatsapp esta semana por empresários do setor que organizaram um protesto na segunda-feira que tem estado concentrado na zona do Carregado.
O que decidiu o Governo?
O Ministério das Infraestruturas disse hoje que o Governo está a estudar a criação de um regime transitório de reembolso do gasóleo profissional diretamente nas gasolineiras como forma de mitigar o impacto do aumento do preço dos combustíveis.
"Esta medida requer o acordo e um esforço de adaptação dos operadores, com quem o Governo irá trabalhar", refere o Ministério das Infraestruturas e da Habitação num comunicado hoje emitido em que são anunciados reforços de medidas de apoio ao setor dos transportes de mercadorias, cujas associações representativas estiveram esta semana reunidas com o ministro Pedro Nuno Santos.
O reembolso direto do gasóleo profissional nas gasolineiras era uma das reivindicações das empresas, depois de no final do ano passado o Governo ter aumentado de 35 mil para 40 mil o limite anual de litros elegíveis para a devolução integral do ISP no gasóleo profissional.
O Governo decidiu ainda alargar a todo o setor de transportes por conta de outrem, independentemente da dimensão e da queda de faturação, a flexibilização de pagamentos de impostos que existia para as Pequenas e Médias Empresas (PME), ou seja, a entrega faseada das retenções na fonte de IRS e IRC e do IVA, em três ou seis prestações mensais sem juros.
Também foi anunciada uma subsidiação de 30 cêntimos por litro de combustível até às 35 toneladas e de 20 cêntimos por litro a partir das 35 toneladas, num total de litros igual a metade da média de consumo dos diferentes tipos e transporte, relativo a 3 meses, e pago numa só vez no ano de 2022.
Previsto está ainda um apoio de 30 cêntimos por litro de AdBlue (líquido que controla as emissões poluentes dos veículos) para todas as categorias de veículos de mercadorias.