Antiga governante deixou duras críticas a parcerias público-privadas na Saúde. Margarida Tavares disse ser necessário regular comportamentos pouco saudáveis.
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A ex-secretária de Estado para a Promoção da Saúde disse, esta terça-feira, que "gostaria que fossem dadas mais condições" ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) e deixou críticas às parceiras público-privadas (PPP). Interpelada por um elemento da plateia para comentar a decisão do Governo da Aliança Democrática de converter cinco hospitais em PPP, Margarida Tavares referiu que "todos os estudos mostram que quando há privatização, a qualidade diminui" e apontou que a transparência que se exige ao SNS, não é pedida aos privados.
"Todos os dias, abrimos os telejornais com os tempos de espera nas urgências. Pergunto-vos se sabem quais são os tempos de espera em congéneres idênticos, de serviços privados”, afirmou a médica do Centro Hospitalar de São João, no Porto. A ex-secretária de Estado do último Governo socialista, chefiado por António Costa, disse compreender “as queixas da dificuldade de acesso ao SNS". Mas, "não deitemos fora algo tão precioso e com tanta qualidade", apontou.
Apesar das várias melhorias registadas na prestação de cuidados de saúde em Portugal, sobretudo após o 25 de Abril de 1974 e a criação do SNS em 1979, a ex-secretária de Estado destacou a obesidade, o sedentarismo, o tabaco, a dependência do jogo, do álcool e dos ecrãs como os principais desafios na saúde.
Ter políticas estruturais
Na sétima tertúlia das “Conversas de Café”, uma iniciativa do JN com a Faculdade de Economia da Universidade do Porto e o patrocínio da Torre dos Clérigos, a médica Margarida Tavares referiu ser necessário "criar ambientes" propícios à promoção da saúde, como regular o consumo de tabaco, a publicidade a alimentos ultraprocessados e criar espaços públicos nas cidades para fazer exercício físico.
"Não se pretende punir. Não estamos a proibir as pessoas de ter acesso a este ou àquele produto. Estamos a contrabalançar com políticas estruturais", disse a ex-secretária de Estado. Numa conversa moderada pelo sociólogo Augusto Santos Silva, no Café Velasquez, no Porto, Margarida Tavares declarou que "a saúde de cada cidadão" é mais importante e deve ser colocada em primeiro lugar face aos "interesses comerciais".