Futura comissária defendeu maior fluidez de capitais na Europa e alertou para entraves colocados por populistas.
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A futura comissária europeia foi, com pouca surpresa, a convidada secreta da Universidade de Verão da JSD, ontem. Num discurso marcadamente económico, Maria Luís piscou o olho à pasta de comissária das Finanças e propôs melhorias à circulação de capitais na Europa. Quer mais aposta nos recursos privados, ao mesmo tempo que advertiu para os entraves colocados por governos populistas e para a dependência energética da Rússia.
Com muito pouco de política nacional, o discurso de Maria Luís Albuquerque foi centrado na vertente económica. Para enfrentarmos desafios como o envelhecimento da população, a futura comissária defende que é preciso “alavancar os recursos privados que existem na Europa, porque os públicos serão sempre poucos”.
Lembrando que a União Europeia “tem poupanças suficientes para financiar a atividade económica”, não compreende como é que a intermediação bancária leva a que os cidadãos acabem “com menos poder de compra do que aquilo que tinham quando começaram a poupar”.
Outro exemplo está no mercado interno, onde “não há um tratamento fiscal harmonizado”. Não se trata de defender impostos iguais para todos, ressalvou, mas antes ter regras comuns que evitem, por exemplo, “a dupla tributação dos pequenos aforradores”.
Para este e outros desafios são precisas reformas, defendeu, mas estas não são fáceis quando há “soluções simplistas e populistas” que “se alimentam de expectativas frustradas” e “criam fraturas sociais e políticas profundas”: “As regras, que muitas vezes implicam unanimidade, fazem com que os acordos possíveis sejam feitos pelo mínimo denominador comum, o que limita seriamente a capacidade de fazer a diferença”.
Noutra vertente, Maria Luís Albuquerque disse que “temos de continuar a reduzir a dependência energética da Rússia” pois continuamos numa posição “de dependência e de fragilidade”. E sustenta que é preciso “revitalizar a indústria de defesa” da Europa, sobretudo quando há “novas ameaças” (Rússia) e quando “alguns aliados de sempre se mostram menos disponíveis do que estiveram no passado” (Estados Unidos).