Mariana Leitão critica Montenegro por associar responsabilidade à “direita do caos e do ódio”
A líder da IL, Mariana Leitão, criticou, esta segunda-feira, o primeiro-ministro por associar responsabilidade à “direita do caos e do ódio”, e manifestou preocupação com o funcionamento das urgências hospitalares em agosto.
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Em declarações aos jornalistas após ter-se reunido com o conselho de administração do Hospital Amadora-Sintra, em Lisboa, Mariana Leitão disse ter visto “com alguma apreensão” o facto de Luís Montenegro ter considerado, em entrevista à Antena 1, que o Chega “está a começar a mostrar” maior responsabilidade.
“Eu acho sempre muito complicado nós chamarmos responsáveis à direita do caos, à direita do ódio, à direita que não tem soluções, que não apresenta uma única solução”, criticou.
Mariana Leitão considerou que em causa não está “uma questão de normalização” do Chega, mas antes do que o partido defende, “da forma que defende conforme que lhe é conveniente, conforme o ‘soundbite’, nunca com propostas concretas que permitam resolver os problemas do país”.
“Aí há uma total e completa ausência de soluções e, portanto, isso é o contrário daquilo que nós achamos que deve ser feito. Devem existir soluções, devem ser apresentadas, discutidas e deve-se pôr o país, de facto, a funcionar com propostas concretas e credíveis”, defendeu.
Sobre a sua reunião com o conselho de administração do Hospital Amadora-Sintra, Mariana Leitão disse que foi “muito produtiva” e manifestou “grande apreensão” com a resposta que as urgências hospitalares vão dar durante o mês de agosto que, frisou, “é sempre um mês crítico”.
“Há uma grande indefinição sobre quais são as urgências que vão estar abertas, qual o serviço com que os portugueses podem contar e isso deve-se, em grande parte, a esta insegurança que existe sobre a disponibilidade de recursos humanos ou não, porque muitas das urgências depende de horas extraordinárias”, referiu, salientando que essa preocupação lhe foi transmitida pelo conselho de administração do Hospital Amadora-Sintra, onde “mais de 50%” das urgências dependem de horas extraordinárias.
A líder da IL pediu ao Governo que dê “maior autonomia” às unidades de saúde, para que tenham “maior flexibilidade na contratação” e haja uma “verdadeira aposta na avaliação de desempenho, na valorização do mérito”.
Questionada se ficou tranquilizada com as palavras de Luís Montenegro na entrevista à Antena 1, na qual disse que mais de 70% do programa de emergência para a saúde já foi executado, Mariana Leitão respondeu que o primeiro-ministro, ainda em 2024, definiu a saúde como “grande prioridade” e apresentou “vários planos de emergência”.
“A verdade é que nós não vemos efetivamente nada a melhorar, e isso é uma grande preocupação. Continuamos com várias notícias a aparecerem, a pôr já em causa urgências a funcionar em agosto. Tivemos um inverno em que também houve vários problemas”, referiu.
Para Mariana Leitão, não se vê “um plano efetivo para se mudar o estado em que as coisas se encontram”, nem “vontade política ou coragem do senhor primeiro-ministro em fazer as mudanças que são necessárias”.
Cotrim tem “todas as características” para ser candidato a Belém
Mariana Leitão considerou que o eurodeputado João Cotrim Figueiredo reúne “todas as características” para representar os valores liberais nas eleições presidenciais e disse esperar que a sua candidatura se materialize.
A líder da IL disse ter sido com “muito agrado” que soube da disponibilidade de João Cotrim Figueiredo para ser candidato às eleições presidenciais de 2026. “É uma pessoa que reúne todas as características que são fundamentais para ocupar o espaço das ideias e dos valores liberais, desta defesa intransigente de mais liberdade, de menos Estado, de um Estado muito mais eficiente”, considerou.
Mariana Leitão disse que esses são “valores fundamentais” para a IL apoiar uma candidatura presidencial e, questionada se tenciona apoiar João Cotrim Figueiredo, respondeu: “Vamos aguardar”. “É algo que nos deixa muito satisfeitos, e a mim particularmente, que ele manifestasse essa disponibilidade e espero que a materialize”, referiu.
Interrogada se foi apanhada de surpresa com o anúncio de João Cotrim Figueiredo, uma vez que à entrada para a X Convenção da IL, que se realizou este sábado em Alcobaça, tinha dito que as eleições presidenciais não iriam ser um tema da reunião, Mariana Leitão respondeu que qualquer momento para o eurodeputado manifestar a disponibilidade para se candidatar “é um bom momento”.
“Foi feita uma demonstração de disponibilidade e de alguma vontade face à inexistência de qualquer candidato que faça sentido neste momento ou que sequer defenda aquilo que é essencial defender, que fala para os jovens. Foi isso que o João Cotrim Figueiredo fez”, disse.
Mariana Leitão foi ainda questionada se sente que Rui Rocha lhe lançou um desafio na convenção, ao afirmar que optou por deixar a liderança para ver se o facto de a IL não ultrapassar a fasquia eleitoral dos 5% se deve a ele próprio ou ao partido.
A líder da IL considerou que Rui Rocha fez um “diagnóstico extremamente exato dos últimos dois anos e meio que esteve à frente do partido”, do crescimento que a IL teve e dos “vários temas” que pôs na agenda política. “Eu, agora, na minha missão, tudo farei para, deixando também a minha marca, garantir que esse crescimento continua a existir e será ainda mais consolidada e solidificado”, disse.
Mariana Leitão rejeitou sentir-se obrigada a "ultrapassar a fasquia dos 5%", afirmando que se sente obrigada é a dar o seu melhor.
Este sábado, o eurodeputado João Cotrim Figueiredo, líder da IL entre 2019 e 2023, afirmou estar disponível para ser candidato presidencial, mas ressalvou que a decisão “não está tomada” e depende do apoio de outras entidades além da IL, que não especificou.