Aviso da presença será feito por rádio para evitar o local. "Ataques" passaram de 17 em 2020 para 62 no ano passado.
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A Marinha, através do Centro de Operações Marítimas (Comar), está a preparar um sistema de alerta imediato à navegação perante os relatos de avistamentos de orcas na costa portuguesa com o objetivo de travar o aumento de interações perigosas destes animais com veleiros.
As interações, que muitos tripulantes consideram ser ataques aos lemes das embarcações, começaram em 2020 e apesar de ainda não existir uma explicação para este comportamento, têm sido mais frequentes e perigosas. Passaram de 17 em 2020 para 62 no ano passado, quando houve registo de dois naufrágios, ao largo de Sines e Figueira da Foz.
O anúncio do alerta à navegação foi feito esta sexta-feira por Neves Cabrita, comandante do Comar, no primeiro workshop sobre interação com orcas, realizado pelo Instituto da Conservação da Natureza e Florestas e a Marinha, que decorreu no Planetário, em Lisboa.. "Os tripulantes das embarcações vão poder saber atempadamente e no imediato que há orcas em determinada zona e podem evitar o local e decidir não sair para o mar nessa altura, como aconteceu no ano passado em Sesimbra", disse Neves Cabrita.
O lançamento deste sistema de alerta está a ser preparado e será feito por rádio às embarcações, por uma aplicação a desenvolver ou pelo software que os barcos possuem. Neves Cabrita realçou a importância dos relatos pelos navegadores, que também vão poder através de um formulário no website da Marinha relatar a situação.
Andam 37 pela costa
As razões das interações entre as orcas e os veleiros continua a ser um mistério para a comunidade científica que compõe o grupo Orca Atlântica. Sabe-se que são 37 os animais que navegam pela costa portuguesa em seis grupos, dos quais 15 interagem com as embarcações, referiu a bióloga Ruth Esteban, que estuda as orcas desde 2010. "Seguem a migração do atum entre toda a costa rumo ao Estreito de Gilbraltar e sabe-se que devido às alterações climáticas, a migração do atum tem sofrido alterações, hoje veêm-se em locais onde não se viam há 10 anos, e são seguidos pelas orcas".
O ICNF prepara-se para introduzir a orca atlântica no livro vermelho de espécies em risco de extinção devido ao reduzido número de animais. O anúncio foi feito hoje por Marina Sequeira, bióloga do ICNF e que faz parte do grupo Orca Atlântica.