O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, disse hoje que não vai ser candidato à Presidência da República nas próximas eleições, explicando que esta foi uma "decisão pessoal e muito amadurecida".
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Na Grande Entrevista, transmitida esta noite na RTP3, Mário Centeno foi questionado sobre uma eventual candidatura às eleições presidenciais do próximo ano, que vão escolher o sucessor de Marcelo Rebelo de Sousa no cargo de Presidente da República.
"Hoje o momento está mais amadurecido. Não vou ser candidato à Presidência da República, não vou apresentar nenhuma candidatura à Presidência da República, não está no meu horizonte que isso aconteça", respondeu, deixando claro que "é uma decisão pessoal" e que foi "muito amadurecida".
O governador do Banco de Portugal enfatizou que esta decisão de não se candidatar "não tem nenhuma dimensão política" e, quando questionado se a tinha comunicado ao líder do PS, Pedro Nuno Santos, respondeu que a tinha transmitido "a um conjunto de pessoas" com quem tem falado sobre o tema para que elas não ficassem a saber por esta entrevista.
Centeno insistiu por diversas vezes que era uma decisão "individual e pessoal", reiterando que esta possibilidade de concorrer às presidenciais do próximo não foi algo que tenha procurado, mas uma vez chegada essa hipótese "havia que tomar essa decisão".
Segundo o antigo ministro das Finanças esta decisão foi tomada dentro do seu círculo pessoal e da sua família, tendo em conta a visão "pessoal e profissional" que tem de si mesmo e daquilo que quer fazer no futuro.
"Neste momento sou governador do Banco de Portugal"
"Neste momento sou governador do Banco de Portugal, tenho vários cargos a nível europeu. (...) Tenho tido uma voz muito ativa e presente em termos europeus na questão da inflação e das taxas de juro e de uma visão gradualista e que possa ser transmitida às pessoas. Esse é o meu foco", apontou.
Centeno deixou ainda críticas a quem sugeriu que as suas idas como governador do Banco de Portugal a escolas fariam parte já de uma eventual campanha presidencial. "Sabe quantas pessoas votariam naquelas salas?", questionou.
Em entrevista dada à TVI/CNN no início do mês de outubro de 2024, o líder do PS, Pedro Nuno Santos, considerou que o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, seria um "bom candidato" a Presidente da República, mas que António José Seguro, António Vitorino ou Ana Gomes também são outros bons nomes.
Em 25 de novembro do ano passado, na conferência que assinala o terceiro ano da CNN Portugal, Mário Centeno tinha sido questionado sobre uma eventual corrida a Belém. "Mudanças acontecem. Algumas vezes não são esperadas, outras vezes não são esperadas. Mudanças aconteceram na minha vida nos últimos 10 anos. Algumas delas foram inesperadas. Eu não temo a mudança", respondeu então.
Lei do Banco de Portugal impede que pague salários de membros do Governo
Na mesma entrevista à RTP3, o governador do Banco de Portugal disse que a lei é clara e não permite ao banco central pagar salários da administração pública, a propósito da polémica relacionada com a intenção do Governo de nomear Hélder Rosalino para secretário-geral.
"O Banco de Portugal não se recusou a pagar nenhum salário simplesmente porque o Banco de Portugal não pode pagar salários da administração pública. Isso é financiamento monetário, vai contra os tratados, contra a lei orgânica do Banco de Portugal", apontou. Segundo o ex-ministro das Finanças, se houve casos passados semelhantes esses "estão fora da lei" e o Banco de Portugal tem que aplicar a lei que o rege.
NA semana passada, os deputados aprovaram por unanimidade um requerimento do Chega para o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, ser ouvido no parlamento sobre a política de recursos humanos do Banco de Portugal, nomeadamente as remunerações dos consultores, após a polémica pública relacionada com a intenção do Governo de nomear Hélder Rosalino (ex-administrador e atual consultor do Banco de Portugal) para secretário-geral do Executivo.
A polémica aconteceu depois de se saber que o Governo legislou para que Rosalino mantivesse o vencimento de origem do Banco de Portugal (cerca de 15 mil euros) e que queria que esse fosse pago pelo banco central, o que levou a uma recusa pública do Banco de Portugal que esclareceu em comunicado que não asseguraria o encargo com as remunerações de Rosalino.