A decisão não surpreende e já tinha sido noticiada, mas foi esta sexta-feira confirmada pelo próprio: após 18 anos à frente da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), Mário Nogueira vai despedir-se do megafone sindical.
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Com 67 anos, o rosto incontornável da luta dos professores vai reformar-se e, desta forma, não se recandidata ao cargo de secretário-geral nas eleições que se realizam durante o Congresso Nacional de Professores, que decorre a 16 e 17 de maio.
“Foram 18 anos muito bem acompanhado. Se não fossem os meus camaradas dos sindicatos e das coordenações, não tínhamos feito o que fizemos. Alguém tem de dar a cara, mas o trabalho é coletivo”, afirmou, em jeito de balanço, o dirigente, na Escola Secundária D. Dinis, em Lisboa, onde esteve reunido com o secretariado da Fenprof. Aos jornalistas, Mário Nogueira adiantou também que cerca de um mês antes do congresso, a 10 de abril, está prevista uma conferência de imprensa para anunciar os candidatos que as direções dos sindicatos vão apresentar à sucessão.
Renovação de quadros
No comando da Fenprof desde 2007, o professor do Ensino Básico com especialização de Educação Especial já tinha admitido que o congresso poderia ser um “momento de renovação dos quadros”, sem revelar se tinha uma decisão tomada quanto à sua recandidatura.
Em 2019, após a reeleição, o dirigente sindical afirmou que aquele seria o último mandato, mas no congresso nacional de 2022, voltou a recandidatar-se, naquele que foi um dos momentos de maior contestação dos professores nos últimos anos para exigir a recuperação do tempo de serviço, congelado durante nove anos, quatro meses e dois dias. Um dos momentos mais marcantes da liderança de Mário Nogueira foi em 2008, aquando da maior manifestação de sempre de professores - foram 100 mil nas ruas - contra as políticas de Educação do Governo José Sócrates, fazendo tremer a ministra responsável pela tutela, Maria de Lurdes Rodrigues.
Apesar da saída, o ainda secretário-geral garante que vai manter-se na federação. “Jamais era capaz de abandonar a Fenprof”, afirmou, acrescentando que “é o momento próprio de sair” da liderança.
Pormenores
18 anos
É o tempo que Mário Nogueira ocupa à frente da Fenprof. A primeira eleição foi em 2007. Na reeleição de 2019 afirmou que seria o último mandato, mas voltou a candidatar-se em 2022.
Professor do 1.º ciclo
Natural de Tomar, Mário Nogueira nasceu a 11 de janeiro de 1958. Em Coimbra, formou-se na Escola do Magistério do Ensino Básico, em 1978.
Sucessor em maio
A sucessão da Fenprof é decidida no Congresso Nacional de Professores, que se realiza a 16 e 17 de maio. A 10 de abril são conhecidos os candidatos.