A Proteção Civil registou, durante este sábado, 1727 ocorrências relacionadas com o mau tempo, obrigando pelo menos 464 pessoas a deixar as casas - 144 pessoas desalojadas e 320 deslocadas por precaução, a maioria devido à subida das águas do rio Mondego.
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Entre as ocorrências, que se somam às 9500 registadas desde quarta-feira, com a passagem da depressão Elsa pelo território de Portugal continental, a maioria relaciona-se com quedas de árvores.
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Em declarações aos jornalistas pelas 20 horas, na Autoridade Nacional de Emergência e Proteção civil, em Carnaxide, o adjunto de operações Miguel Cruz deu conta de que a situação mais complicada estava, cerca das 21 horas, no distrito de Coimbra.
Miguel Cruz referiu que os rios Mondego e Tejo (na zona de Constância) estão em alerta vermelho. "O rio Douro está já numa fase de estabilização, tendo reduzido o seu nível vermelho para laranja, mantendo-se ainda os rios Mondego e Tejo com um nível elevado de caudais, que estão a ser neste momento escoados", adiantou.
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O responsável disse ainda que devido ao mau tempo mantém-se cortadas as linhas ferroviárias do Norte (Alfarelos - Coimbra) e do Vouga (Mealhada) e a circulação rodoviária na via IP3 (Itinerário Principal) nos concelhos de Penacova e Mortágua (distrito de Coimbra).
Entretanto, cerca das 20.30 horas, fonte da Infraestruturas de Portugal disse à Lusa que foram restabelecidas as condições de circulação normal de comboios, entre Gouveia e Fornos de Algodres, na linha da Beira Alta, após terem sido concluídos os trabalhos de reparação da via.
Para as próximas horas, Miguel Cruz prevê que se passe para um "regime de vento durante esta noite, mantendo-se a agitação marítima forte, ainda mais forte do que foi até agora".
"Cuidados na circulação e permanência, quer em áreas arborizadas, quer também junto ao mar. Esse é um cuidado que as pessoas têm tido porque, efetivamente, não temos tido reporte de ocorrências relacionadas com atividade marítima, mas é um apelo que deixamos", sublinhou.
Antes deste balanço já a Câmara de Montemor-o-Velho tinha declarado "alerta máximo de risco de cheia" para as zonas baixas de Carapinheira, Montemor-o-Velho, Meãs do Campo, Tentúgal e Ereira, logo após a rotura de um dique no canal principal do Mondego.
Por sua vez, a Câmara de Coimbra solicitou às populações localizadas entre Bencanta e Ameal, na margem esquerda junto ao rio Mondego, uma linha reta de oito quilómetros, que preparassem evacuação, na sequência do mau tempo.
Balanço trágico da passagem da depressão Elsa
Durante as últimas horas a Proteção Civil não teve registo de mais nenhum ferido ou morto devido ao mau tempo. No entanto, o balanço do mau tempo provocado pela depressão Elsa, entre quarta e sexta-feira, a que se juntou este sábado o impacto da depressão Fabien, passa por dois mortos e um desaparecido e ainda condicionamentos na circulação rodoviária e ferroviária, bem como danos na rede elétrica.
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Com a deslocação da Depressão Elsa para sul, foi tempo de arregaçar as mangas e começar a limpar os estragos que as cheias causaram a Norte, com o Douro a galgar as margens na ribeira do Porto e de Gaia, a lembrar outros tempos.
A subia dos rios Águeda, Tâmega e Minho causaram, também, inundações em várias cidades do Norte de Portugal, nomeadamente Monção, Melgaço, Amarante ou Chaves, entre outras.
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O mau tempo não é exclusivo de Portugal. Em Espanha e França, a passagem da depressão Elsa fez seis mortos, no país vizinho, e um desaparecido em terras gaulesas.
O Instituto Português do Mar e da Atmosfera já havia alertado para os efeitos da depressão Fabien, em especial no Norte e no Centro, estando previstos intensos períodos de chuva e vento forte de sudoeste, com rajadas que podem atingir 90 km/hora no litoral norte e centro e 140 km/hora nas terras altas.
Prevê-se que estes efeitos vão diminuindo e que se registe uma melhoria gradual do estado do tempo a partir de domingo.
Os distritos do Porto, Viana do Castelo, Aveiro, Coimbra e Braga vão estão, desde as 21 horas, em alerta vermelho, até às 12 horas de domingo, devido à agitação marítima, a que se soma Vila Real, por causa de fortes rajadas de vento, que podem atingir 140 quilómetros/hora.