McCann dizem-se vítimas de uma 'cruzada maléfica'

Afirmam que estão incrédulos por haver pistas sobre o desaparecimento de Madeleine que não estarão a ser investigadas e que muito pouco foi feito desde que o processo foi arquivado. Ao JN, Kate e Gerry McCann dizem-se vítimas de uma "cruzada maléfica".

"Não conseguimos compreender esta cruzada maléfica contra nós que nos impede de procurar a nossa filha com liberdade e eficácia, usando os meios ao dispor dos Estados para esse fim", assegura o casal, explicando que "cada vez que uma porta se entreabre, muitos são os que usam todas as forças para a fechar" e isso "traz-nos em grande desespero e transforma-nos a vida num inferno".

Numa resposta escrita a várias perguntas Kate e Gerry afirmam estar "incrédulos" com o facto de existirem "várias novas pistas que não estão a ser investigadas" e queixam-se de que "muito pouco foi feito desde que o caso foi arquivado". "E isto é claramente inaceitável numa investigação de uma criança desaparecida", sustentam os pais de Madeleine, que desapareceu em Maio de 2007, da casa onde passava férias com os pais, na Praia da Luz, Algarve. O casal pensa que se as pistas não forem seguidas as possibilidades de encontrarem a filha "serão muito diminutas".

"Há pistas recolhidas pelas polícias de Espanha, França e Reino Unido, participações de particulares provenientes de Espanha, Itália, Estados Unidos, enviadas para Portimão e nunca consideradas, aprofundadas ou investigadas", referem, assumindo pretender "a reabertura do processo", arquivado pelo Ministério Público em Julho de 2008.

Os dois britânicos acreditam que a Polícia Judiciária "estará disponível para equacionar a reabertura do processo", continuam "a contar com o profissionalismo" dos inspectores e dizem "acreditar na justiça portuguesa". Kate e Gerry, defendem um trabalho conjunto entre policias.

"As autoridades em Portugal e no Reino Unido deveriam estar a trabalhar em conjunto. Muito gostaríamos que toda a informação referente ao caso fosse trabalhada num sistema uno" e que "funcionaria igualmente para retirar algumas lições para o futuro e ajudar a encontrar outras crianças, vítimas, como a nossa filha Madeleine", explicam.

Na entrevista dada ao JN, o casal McCann diz que mantém a convicção de que vai encontrar a filha. "Só a esperança de a encontrarmos e os nossos dois outros filhos (Sean e Amelie), bem como o amor e solidariedade que nos unem, nos fazem viver a vida com alguma normalidade" adiantam, assegurando que a vida da família "é hoje muito dura e difícil" porque lutam "em mais frentes do que humanamente é possível".

Admitem que vão manter a campanha, cujos formatos e estratégia "serão definidos oportunamente, em função da evolução das investigações".

Kate e Gerry não sabem ainda se vão estar na praia da Luz, a 3 de Maio próximo, dia em que se assinala o terceiro aniversário do desaparecimento de Madeleine.