O casal McCann recorreu para o Supremo Tribunal de Justiça da decisão da Relação em anular a proibição de venda do livro de Gonçalo Amaral "Maddie - A Verdade da Mentira", disse hoje, uarta-feira, a advogada dos pais da criança desaparecida no Algarve.
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Isabel Duarte, advogada de Gerry e Kate McCann, que estiveram hoje, quarta-feira, em Lisboa, garantiu que o recurso foi entregue no Supremo Tribunal de Justiça a 5 de Novembro, requerendo a nulidade da decisão do Tribunal da Relação de Lisboa de 19 de Outubro.
No recurso, a advogada fundamenta que a Relação "não levou em consideração factos que, ao longo do processo, nunca foram colocados em causa" e frisou que "esses elementos não foram analisados" pelos juízes desembargadores, para anular a decisão do Tribunal Cível de Lisboa na sequência de providência cautelar interposta pelos pais de Madeleine.
"A Relação não considerou que o livro foi feito para fazer dinheiro, para aprofundar a dor do casal McCann e para prejudicar a investigação", sublinhou Isabel Duarte, que ainda não devolveu o livro de Gonçalo Amaral à editora Guerra & Paz, para que a obra do ex-inspector regresse às livrarias.
A advogada, fiel depositária dos exemplares do livro por determinação do Tribunal Cível, disse que "nada a obrigará a entregá-los enquanto não houver uma decisão final" do Supremo Tribunal de Justiça.
Em Janeiro, o Tribunal Cível de Lisboa julgou a providência cautelar interposta pelos McCann (decretada provisoriamente a 9 de Setembro) e decidiu manter a proibição de venda do livro de Gonçalo Amaral e proibiu o ex-inspector da Polícia Judiciária de conceder entrevistas, quer em Portugal e no estrangeiro.
A Relação deu depois provimento ao recurso de Gonçalo Amaral, que defende no livro a tese de envolvimento de Kate e Gerry McCann no desaparecimento da filha em Maio de 2007, num apartamento turístico do Algarve.
Além deste processo, Kate e Gerry McCann interpuseram contra Gonçalo Amaral uma ação por difamação, em que é pedida uma indemnização de 1,2 milhões de euros, e uma outra por violação do segredo de justiça.
Madeleine McCann desapareceu em 3 de Maio de 2007, num apartamento de um aldeamento turístico da Praia da Luz, Lagos, onde se encontrava de férias com os pais e os dois irmãos.
Na qualidade de coordenador do Departamento de Investigação Criminal da PJ de Portimão, Gonçalo Amaral integrou a equipa de investigadores que tentou apurar o que aconteceu à menina inglesa.
Kate e Gerry McCann, que sempre mantiveram a posição de que Madeleine foi raptada, foram constituídos arguidos em Setembro de 2007, mas acabaram por ser ilibados em Julho de 2008 por falta de provas para sustentar a hipótese avançada pelo inquérito de morte acidental da menina. O Ministério Público arquivou assim o processo, que poderá ser reaberto se surgirem novos dados considerados consistentes sobre o desaparecimento da criança.