A médica interna que denunciou dois cirurgiões do Hospital de Faro por alegadas más práticas e negligência foi ouvida em tribunal, pela primeira vez, esta terça-feira.
Corpo do artigo
Diana de Carvalho Pereira foi inquirida durante cerca de três horas por um procurador do Tribunal de Faro. À saída, confirmou a diligência, que resulta do inquérito-crime instaurado na sequência da queixa que apresentou à Polícia Judiciária.
"Vim ser ouvida no âmbito do inquérito do Ministério Público para responder a questões sobre todos os casos denunciados. Penso que, da minha parte, ficou tudo esclarecido", afirmou.
"Veio confirmar a queixa e acrescentar mais pormenores que eram relevantes. Tudo o que foi perguntado foi esclarecido", acrescentou o advogado Francisco Teixeira da Mota, que a acompanhou nesta diligência.
"Já foram ouvidos alguns dos doentes em causa. Provavelmente serão ouvidas outras pessoas, testemunhas do hospital, e depois, provavelmente, vão ser ouvidos os médicos envolvidos. Mas não sabemos. Não temos acesso ao processo, que está em segredo de justiça", acrescentou, frisando que "ainda há arguidos neste processo".
Os dois cirurgiões visados na queixa já foram suspensos pela Delegação Regional do Sul da Ordem dos Médicos por um período de seis meses. Diana de Carvalho Pereira disse que recebeu a notícia pela imprensa através dos jornalistas que a contactaram para perguntar se era verdade. "Não fui contactada por parte da comissão disciplinar para me dar alguma informação", afirma. Ainda assim, garante ter ficado "satisfeita" com a decisão. "Fiz uma queixa e eles [os denunciados] tiveram atitudes muito graves, não só com os doentes, mas também comigo, com represálias. Por isso, já estava à espera de uma decisão desse tipo, mas não achava que ia ser tão rápida", concluiu.
16491139
Para continuar o internato, a médica foi colocada provisoriamente no Hospital de Portimão, que, tal como o Hospital de Faro, faz parte do Centro Hospitalar Universitário do Algarve. Assegura que "é um serviço mais organizado" e onde gosta de estar, mas teme pelo futuro, uma vez que esta foi uma situação temporária encontrada para que não fosse prejudicada.
"Daqui a um mês e meio acabo o estágio e depois fico sem perspetivas de futuro. Continuo à espera de respostas", concluiu.