O medicamento Tamiflu, indicado para o tratamento dos casos mais graves da gripe A, está em falta em várias farmácias do país, apesar de haver stock. A tendência crescente das infeções respiratórias está a levar a um aumento da prescrição do fármaco. O problema estará relacionado com a “distribuição”.
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“Desde a semana passada que esgotámos o stock e não conseguimos encomendar este medicamento”, assegura Carla Gonçalves, da Farmácia Holon, no Campo Grande, em Lisboa. De acordo com a farmacêutica, os medicamentos em armazenamento “não foram suficientes para o surto de gripe que está a ocorrer neste momento”. “Com a junção das famílias no Natal, a propagação do vírus vai ser alta”, acrescenta.
Ao JN, o Infarmed esclarece que não existe rutura de stock do Tamiflu, estando os problemas relacionados com o “canal de logística e distribuição”, existindo "concretamente cerca de 43.000" embalagens do medicamento em Portugal. O fármaco foi muito ultilizado durante o surto da gripe A, em 2009.
O Infarmed acrescenta ainda que "as farmácias e/ou unidades hospitalares que necessitem de proceder ao normal abastecimento deste medicamento, devem contactar os distribuidores grossistas, a empresa titular do medicamento ou o respetivo operador logístico".
Também na Farmácia do Lago, no Porto, o medicamento encontra-se indisponível. “Os dois principais armazenistas do Porto não têm o medicamento”, nota Joana Lemos. Segundo a farmacêutica, os autotestes da gripe também “se encontram esgotados”. “Existe imensa procura por testes de despiste da gripe A e covid. Neste momento, só tenho testes de covid”, observa.
Casos vão continuar a aumentar
Tal como o JN noticiou, a afluência às urgências disparou depois do natal, sendo Lisboa a região com mais pressão. A tendência crescente das infeções respiratórias e tolerância de ponto explicaram sobrecarga dos serviços. No Hospital Amadora Sintra, foram feitos, esta terça-feira, 881 atendimentos em 24 horas, só 79 vieram via SNS24. Segundo a CNN Portugal, são números recordes desde 1995. No Porto, o Hospital de São João registou mais de 600 atendimentos de adultos e 274 admissões na pediatria.
O vírus da gripe A é responsável por 96,9% dos casos de gripe que estão a chegar às urgências das unidades de saúde. O Programa Nacional de Vigilância da Gripe, sob a tutela do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), mostra uma tendência crescente das infeções respiratórias, embora nada de anormal para a época do ano.