Médicos criticam acordo e alertam que constrangimentos nas urgências vão continuar
O movimento Médicos em Luta critica o acordo assinado entre o Governo e o Sindicato Independente dos Médicos. Consideram que o entendimento "não satisfaz as necessidades do Serviço Nacional de Saúde" (SNS) e alertam que os constrangimentos nas urgências vão continuar, prevendo-se um agravamento da situação em dezembro.
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O movimento está a auscultar os médicos para perceber quantos querem retirar as minutas de escusa às horas extraordinárias. No entanto, segundo Helena Terleira, uma das porta-vozes, nas primeiras quatro horas em que o inquérito decorreu, a esmagadora maioria dos profissionais comunicou a sua intenção em "continuar a lutar" e, por isso, não realizar mais do que as 150 horas de trabalho suplementar exigidas por lei.
"Este acordo não satisfaz as necessidades do SNS. O movimento Médicos em Luta nasceu com o objetivo de tentar reter médicos no SNS e melhorar as suas condições de trabalho. Essa atratividade passava por três patamares: a reposição salarial, passarmos às 35 horas de trabalho semanal como todos os outros funcionários públicos e reduzir o número de horas obrigatórias no serviço de urgência para as 12 horas, que era o que tínhamos na Troika. Nada disto foi conseguido. Nem conseguimos a reposição salarial, nem foram negociados todos os outros pontos", lamentou Helena Terleira, afirmando que há colegas "muitíssimo insatisfeitos" com o acordo intercalar alcançado, na terça-feira, entre o ministério da Saúde e o Sindicato Independente dos Médicos.
A Federação Nacional dos Médicos abandonou a reunião sem assinar a proposta do Governo. Tal como o JN noticiou, o entendimento prevê aumentos salariais que variam entre 14,6% para assistentes, 12,9% para assistentes graduados e 10,9% para assistentes graduados sénior.
Helena Terleira contesta. "Os internos, que são um terço dos médicos, têm um aumento de 6% no ano comum. Nem chega a cobrir a inflação", criticou.
Até ao momento, estima Helena Terleira, já foram entregues entre três mil e 3 500 minutas. Algumas foram entregues este mês e terão efeitos negativos nas escalas de dezembro. Umas das próximas formas de luta, admite a porta-voz, será a contestação do regime de dedicação plena. "Está ferida de inconstitucionalidade. Tem coisas que são gravíssimas, nomeadamente fazer depender o salário do atingimento de metas, algumas das quais, são claramente antiéticas", sublinhou.