Médicos da Urgência do Hospital de Almada apresentam escusa de responsabilidade
Chefes de equipa, médicos especialistas e médicos internos do Serviço de Medicina Interna que asseguram a Urgência do Hospital Garcia de Orta apresentaram à administração a escusa de responsabilidade, esta quinta-feira, por falta de condições para o exercício de funções. De acordo com o Sindicato Independente dos Médicos "a situação está tão degradada e o risco de erro médico tão aumentado que os médicos se vêm forçados a esta medida".
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Numa missiva enviada por mais de 60 profissionais do Hospital de Almada, pode-se ler que "o que se vive hoje no Serviço de Urgência não é gerível de forma nenhuma. Se tentamos encontrar motivação na profissão que nos move todos os dias, há que reforçar que de momento não há motivação que consiga ao final de 8, 12, 16, 24h de trabalho assegurar condições de segurança, qualidade, nem sequer nos mínimos aceitáveis para cuidar das centenas de pessoas a nosso cargo".
Os médicos descrevem que há 80 doentes internados na Unidade Internamento Médico-Cirúrgico, 30 doentes internados no ADR, uma área de observação clínica sem espaço para dignidade, segurança, tratamento dos mínimos, higiene, controlo de infeção, e um infindável de erros constantes por falta de tempo, de capacidade, de espaço, de limpeza, de recursos humanos e materiais.
Os profissionais criticam a administração do hospital pela não resolução dos problemas. "Houve mais que tempo e oportunidades de tentar pelo menos corrigir algumas situações". Assim, apresentam a escusa de responsabilidade com o objetivo, "de alertar para o facto de os limites terem sido todos atingidos".
Na quarta-feira, a falta de um médico levou a fecho da Urgência de Obstetrícia em Almada, que foi reaberta esta manhã de quinta-feira. Na sequência desse encerramento, fonte oficial do hospital admitiu existir uma escassez de médicos especialistas em Ginecologia e Obstetrícia e reforçou que "estão a ser encetadas todas as diligências para reforçar as equipas médicas e de enfermagem, não havendo restrições à contratação".