Os médicos estão em greve durante esta terça e quarta-feira. A paralisação de 24 horas, marcada pela Federação Nacional dos Médicos (FNAM), poderá afetar várias consultas e cirurgias em todo o país. Os serviços de urgência continuam com limitações e ainda não há data para nova reunião entre os sindicatos e a tutela.
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"O caos está instalado", as palavras são de Joana Bordalo e Sá, presidente da FNAM. Não há, ainda, acordo entre o Ministério da Saúde e os sindicatos médicos. Esta semana, a Direcção Executiva do SNS publicou uma mapa com os serviços fechados e as limitações de cada hospital nas respetivas especialidades e, com indicações sobre a urgência para a qual devem ser referenciados os doentes.
A somar às urgências fechadas, durante esta terça e quarta-feira os médicos estão em greve. "Desde já, pedimos desculpa aos doentes mas estamos a fazer isto por eles, para que haja médicos no SNS e não se continue a assistir a este encerramento de serviços de Norte a Sul do país", afirma Joana Bordalo e Sá ao JN.
Há serviços mínimos decretados mas, o mais provável, é que as cirurgias e as consultas programadas, nos hospitais e centros de saúde, sejam canceladas ou adiadas.
Falta de abertura da tutela
Já lá vão 19 meses de negociações entre os sindicatos e a tutela. Se, no último mês, o entendimento entre os médicos e o Governo pareceu estar mais perto, com reuniões prolongadas em datas muito próximas, está, agora, outra vez estagnada. A presidente da FNAM afirma que as últimas reuniões foram "muito difíceis" e que a "manifesta abertura [do Governo] em negociar com os médicos não se verificou", mostrando sempre "muita inflexibilidade".
Segundo Joana Bordalo e Sá, o Ministério da Saúde aceitou discutir os quatro pontos em cima da mesa mas recusou-se a implementar as propostas dos sindicatos: a atualização salarial tranversal a todos os médicos, a reposição das 35 horas de trabalho por semana, a reposição das 12 horas de urgência e a reposição do nosso tempo de férias.
"O que nos estava a ser proposto era completamente inflexível e intransigente e, acarretava perda de direitos para os médicos mas, acima de tudo para os doentes porque os colocava em risco com o fim do descanso compensatório depois do médico fazer uma noite", garante a presidente da FNAM.
Próxima reunião
A última reunião, marcada para oito de novembro, acabou por ser cancelada devido à crise política. A FNAM já pediu uma nova data para retomar as negociações mas não teve qualquer resposta por parte do Governo. Na sexta-feira, Manuel Pizarro afirmou que vai estudar até onde pode ir nas negociações com os médicos porque, apesar do Governo continuar em funções, não está "em circunstâncias normais".
"Esperemos que esta crise acelere as negociações. É obrigação deste Governo e deste Ministério da Saúde tentar resolver a situação do SNS, em que o grande problema, neste momento, é a grande falta de médicos", alerta Joana Bordalo e Sá.
Enfermeiros têm reunião amanhã
Ainda não existe data para nova reunião com os médicos mas o Ministério da Saúde irá reunir-se com o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) esta terça-feira de manhã.
"Exigimos que efetivem todos os enfermeiros atualmente em vínculo precário", afirmou o SEP, esta segunda-feira, em comunicado. Acrescentou, ainda, que "pensar em reorganizar o Serviço Nacional de Saúde com a criação, por exemplo, de Unidades Locais de Saúde e alargamento das Unidades de Saúde Familiares, modelo B, não se faz com mapas de pessoal subdimensionados que é a realidade de todas as instituições de saúde portuguesas".