Médicos protestam: “Estamos exaustos de tentar segurar um SNS que se desmorona”
Centenas de médicos e utentes concentraram-se esta terça-feira à tarde junto ao Ministério da Saúde, em Lisboa, em defesa da carreira médica e de investimentos no Serviço Nacional de Saúde (SNS), em dia de greve e numa altura em que a crise nas urgências dura há semanas.
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Maria João, 39 anos, e Sónia Cavaleio, 34 anos, partiram cedo do Norte para participarem na manifestação. Os autocarros que partiram da região rumo a Lisboa trouxeram cerca de 250 médicos em greve. Para as médicas do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, os suplementos ao salário propostos pelo ministro da Saúde não são suficientes. “Neste momento reclamamos um aumento do nosso salário base”, afirmam. As médicas especialistas ganham atualmente 8,50 euros por hora. Maria João diz não ver nenhuma subida salarial em seis anos. “O aumento do custo de vida aumentou para todos e é cada vez mais difícil as pessoas viverem com salários baixos. Essa tem sido a realidade dos médicos em Portugal, com salários baixos”.
Tanto Maria João como Sónia continuam a acreditar na defesa de um acesso a cuidados de saúde universal e gratuito no SNS, mas admitem que, enquando a remuneração não for compatível com o custo de vida, não têm outra opção senão “procurar alternativas melhores”. “É preciso ter em consideração que hoje quem segura grande parte do SNS é a nossa geração, a que já apanhou carreiras completamente desfeitas, tem salários de base baixos e aos quais é exigido cada vez mais trabalho sem nenhumas contrapartidas. Neste momento, estamos exaustos de estar a tentar segurar um SNS que todos os dias desmorona”, lamenta Maria João.