O ministro das Finanças e militante socialista Fernando Medina disse esta sexta-feira que apoia José Luís Carneiro a secretário-geral do PS, considerando que "dá boas garantias da continuidade da política" do Governo de "contas certas" e estabilidade.
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"José Luís Carneiro é o candidato que se apresenta com uma visão mais próxima da continuidade do atual executivo, com uma política de contas certas, de redução da dívida, que consistentemente tem partilhado desse objetivo e desígnio que considero da maior importância para país, sobretudo na fase de forte instabilidade internacional e política, ainda com taxas de juro muito elevadas e em que Portugal não pode vacilar na consistência relativamente à sua política financeira", disse Medina.
O ministro das Finanças, que falava aos jornalistas à margem da conferência anual da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF), disse ainda que apoia Carneiro por considerar que é o candidato que representa a moderna social-democracia e os valores europeístas.
Na abertura da conferência da ASF, Medina disse que Portugal tem atualmente estabilidade económica, orçamental e social e que essas conquistas devem ser preservadas pois dão "confiança no futuro", desde logo num período de crise política.
O governante elogiou o crescimento da economia potuguesa, apesar do abrandamento, o equilíbrio das contas públicas (défice e dívida) e a força do emprego, com o recorde de cinco milhões de trabalhadores, para considerar que estas são as forças de Portugal, num contexto de juros altos e de recente crise política.
"Não desvalorizemos estas conquistas. A confiança externa e a descida dos custos de financiamento permitem atravessar este tempo de juros altos sem comprometer a capacidade de mitigar o seu impacto nos mais vulneráveis e permitem passar estes tempos de normal funcionamento da vida democrática, com realização eleições daqui a alguns meses", disse.
Duas candidaturas
As eleições diretas para a sucessão de António Costa para a liderança dos socialistas, que este sábado serão marcadas para os dias 15 e 16 de dezembro, têm para já duas candidaturas: Uma do ex-secretário-geral adjunto do PS e ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, e do ex-ministro e atual deputado socialista Pedro Nuno Santos.
Augusto Santos Silva, deputado do PS e atual presidente da Assembleia da República, já manifestou apoio a Carneiro.
Por sua vez, a candidatura do ex-ministro Pedro Nuno Santos tem afirmado que conta com o apoio da maioria dos presidentes das federações – entre elas as de maior dimensão como Porto, Lisboa e Braga -, bem como de figuras como a do histórico socialista e membro do Conselho de Estado Manuel Alegre.
Operação Influencer
Fernando Medina disse ainda esperar um "esclarecimento muitíssimo rápido" da Justiça relativamente ao processo que envolve o primeiro-ministro.
"Partilho com milhões de portugueses a expectativa de esclarecimento muitíssimo rápido de toda a situacão (..). Parece-me absolutamente essencial para uma clarificação o mais rápido possível daquilo que ficou escrito num parágrafo da Procuradoria-Geral da República relativamente ao primeiro-ministro", afirmou.
O governante afirmou ter sido "surpreendido, como todos os portugueses, pela situação e ainda mais surpreendido pela forma como tudo se tem desenrolado". Para Medina, este é um "momento difícil" em Portugal, pelo que é necessária mais informação das autoridades judiciais sobre o processo.
António Costa é alvo de um inquérito no Ministério Público (MP) junto do Supremo Tribunal de Justiça, após suspeitos num processo que investiga tráfico de influências no negócio de um centro de dados em Sines terem invocado o seu nome como tendo tido intervenção para desbloquear procedimentos, mas já recusou a prática "de qualquer ato ilícito ou censurável".