O ministro das Finanças foi, esta sexta-feira à tarde, atingido com tinta verde por uma jovem ativista do clima. A PSP deteve manifestantes.
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Fernando Medina foi atingido por tinta verde quando iniciava uma sessão de apresentação do Orçamento do Estado para 2024 na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, naquele que foi mais uma ação de ativistas climáticos, desta vez levada a cabo por elementos do coletivo Greve Climática Estudantil.
O grupo de vários jovens em que se inseria a ativista climática que atirou tinta ao ministro gritava as palavras de ordem “Sem futuro não há paz” e continuou a gritar fora do auditório quando a sessão prosseguiu, no Instituto de Direito Económico, Financeiro e Fiscal.
Depois de ser atingido, Fernando Medina ironizou. “Pelo menos sei que tenho uma apoiante relativamente à subida do IUC”, disse, provocando gargalhadas na plateia de jovens. Medina referia-se ao aumento, para o próximo ano, do valor do Imposto Único de Circulação para carros anteriores a julho de 2007, que se vai traduzir num agravamento de cerca de 400% num carro a gasolina com 900 de cilindrada, face ao valor pago em 2023.
"Este foi mais um protesto contra a recusa do governo em fazer a transição justa que garante que temos um futuro", justificou Beatriz Xavier, estudante de 19 anos e porta-voz do grupo, em comunicado enviado às redações. "O orçamento não contempla um plano de como parar de usar o gás fóssil", continuou, considerando esse "um passo essencial" e "uma necessidade existencial" não negociáveis.
"O governo continua a dar pequenos passos como se tivessemos décadas para realizar a transição energética. Temos até 2030. Este orçamento é o espelho deste governo: negacionista e criminoso. Estamos em plena crise climática, como é possível o principal foco deste orçamento não ser uma transição justa para energias renováveis? Isto é um crime contra a nosso futuro e a nossa vida", aponta Beatriz.
Ativistas detidas
O coletivo pela defesa do clima informou, num segundo comunicado, que as estudantes que participaram na ação foram retiradas pela Polícia, tendo sido depois "arrastadas pelos corredores" da faculdade e levadas para a esquadra da PSP dos Olivais, para onde está a ser convocada uma vigília.
“Não acredito que estudantes tenham sido retirados pela Polícia daquela forma nesta faculdade, com esta história de luta estudantil, em que volta novamente a entrar Polícia para reprimir estudantes que só querem lutar por um futuro melhor”, reagiu Catarina Bio, estudante de Direito nesta escola e porta-voz da ação, sem detalhar quantas pessoas foram detidas.
Onda de ações a 13 de novembro
As últimas semanas têm sido marcadas por um conjunto de ações de protesto levadas a cabo por grupos de defesa do clima, que reivindicam, entre outros pontos, o fim dos combusítveis fósseis. O coletivo Climáximo tem sido responsável por quase todos. No final de setembro, ativistas do grupo atingiram o ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, com tinta verde misturada com ovos, na abertura da CNN Portugal Summit, em Lisboa. Desde então, protagonizaram vários protestos em eventos públicos e interromperam a circulação em várias artérias da capital.
Entretanto, os estudantes da Greve Climática Estudantil prometem voltar dia 13 de novembro "com uma onda de ações em que vão parar escolas e instituições", escreveram no comunicado enviado às redações.