Pandemia e agregados com menos posses levam a rutura de stock das estruturas mais baratas, de madeira ou chapa.
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A pandemia paralisou inúmeros negócios, mas estimulou um punhado deles. É o caso da venda de piscinas domésticas, que vive um verão sem paralelo: com o medo dos ajuntamentos, a procura deste tipo de estruturas disparou, deixando de ser um exclusivo das famílias com mais posses. Há empresas com aumentos de mais de 100% nas vendas, pelo que, se pretende comprar uma piscina mas não quer gastar muito dinheiro, saiba que tão cedo não vai cumprir esse desejo: os stocks dos materiais necessários esgotaram em toda a Europa.
"Todos os fabricantes europeus de piscinas de superfície entraram em rutura", diz Mário Silva, dono da empresa Moço das Piscinas, da Maia, ao JN. "Em parte devido à procura, em parte porque não havia matéria-prima".
As piscinas de superfície, habitualmente de gama mais baixa, são construídas em materiais como madeira ou painel de chapa. Esses materiais, importados de países como a China, tornaram-se escassos com a redução do comércio global durante a pandemia, de tal forma que os fornecedores só agora começam a conseguir prever prazos de entrega.
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"Procura nunca vista"
Um estudo do site Kuanto Kusta, dedicado ao e-commerce e à comparação de preços, confirma esta realidade. O portal fala numa "procura nunca antes vista" a que o mercado não consegue responder. "Com a agravante do atraso das fábricas devido à pandemia, a oferta dos fornecedores tem diminuído, sendo que os stocks se encontram esgotados", conclui o estudo. Segundo o mesmo documento, a procura de piscinas em maio disparou 4300% face a igual período de 2019.
Elisabete Lixa, da Agualândia, confirma que a empresa está a vender "mais do dobro" das piscinas que costuma. Revela ter "imensas" listas de espera para fazer orçamentos e que houve reforço das equipas de modo a que o processo de instalação das piscinas não ultrapasse as três ou quatro semanas habituais.
A empresa de Mário Silva teve subidas entre os 40% e 50%, melhoria para a qual contribuiu um perfil de cliente que antes não existia. "O nosso cliente-alvo era de classe média, média/alta e alta. Este ano, tivemos solicitações de uma classe mais média/baixa".
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Este segmento, diz, tem-no "bombardeado" com solicitações de piscinas insufláveis ou desmontáveis, cujo preço "ronda os 600 euros". As mais duráveis são cavadas no chão e estão "na casa dos 14 mil euros".