O presidente do CDS-PP afirmou este sábado que a redução das taxas de IRS decidida pelo executivo corresponde rigorosamente ao que foi anunciado durante a campanha eleitoral "num sinal de coerência que só não lê quem não quer".
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"O que está a ser feito é rigorosamente o que foi anunciado durante toda a campanha num sinal de coerência que só não lê quem não quer", respondeu Nuno Melo aos jornalistas, à entrada para o pavilhão onde vai decorrer o 31.º Congresso do CDS-PP, até domingo, em Viseu.
Melo considerou que a polémica em torno da redução das taxas de IRS, que gerou trocas de acusações entre Governo e oposição, "ajuda a perceber o exotismo dos tempos".
"Pelos vistos o pecado é a coligação, a Aliança Democrática [PSD, CDS-PP e PPM] baixar mais os impostos do que aquela que era a proposta do PS", ironizou.
O líder centrista e também ministro da Defesa Nacional alegou que durante oito anos "o PS aumentou todos os impostos e não houve drama".
"Mas aqui chegados o drama é o facto de a AD ter reduzido mais os impostos, nomeadamente sobre o trabalho, do que aquela que era a proposta do PS", afirmou.
Momentos antes, sobre este tema, o líder parlamentar do CDS-PP, Paulo Núncio, respondeu que o programa do Governo "está a ser cumprido" e que os portugueses vão sentir um alívio fiscal já este ano "principalmente as famílias da classe média, do 6.º ao 8.º escalão".
"Sempre que há uma redução de impostos e de IRS para as famílias estamos no caminho certo", defendeu, acrescentando que estas são "boas notícias e é só o primeiro passo".
"No programa de Governo está prevista não só a redução das taxas sobre as famílias da classe média, mas também o IRS Jovem, também a isenção sobre prémios de desempenho, a isenção sobre a poupança fundamental e a redução das taxas de IRC para dar maior competitividade à nossa economia", salientou o ex-secretário de Estado dos Assuntos Fiscais.
O líder parlamentar centrista desvalorizou as declarações recentes do antigo primeiro-ministro social-democrata Pedro Passos Coelho, que em entrevista ao Observador afirmou que a 'troika' não confiava no ex-líder centrista Paulo Portas.
"Nós já não estamos em 2013 estamos em 2024 e o CDS não está virado para o passado, está virado para o futuro", respondeu.
Também à entrada para a reunião magna, o deputado João Almeida salientou que este é um "ciclo muito positivo" para o CDS e o partido "tem que se preparar para isso".
O deputado lembrou que o CDS é um dos partidos fundadores da democracia e sabe "muito bem o que é participar na governação do país".
Interrogado sobre se essa responsabilidade apenas é possível com o PSD, partido com o qual se coligou nas últimas legislativas juntamente com o PPM, João Almeida respondeu: "O que eu sei é que basta olhar para o resultado eleitoral para concluir também que não havia governo do PSD se não fosse em coligação com o CDS".
O Conselho de Ministros aprovou na sexta-feira a proposta que reduz as taxas do IRS até ao 8.º escalão, anunciou o primeiro-ministro, Luís Montenegro, que indicou que a medida perfaz um total de redução do imposto de 1.539 milhões de euros face a 2023.
O anúncio sobre o alívio fiscal foi feito por Luís Montenegro no arranque do debate do programa do XXIV Governo Constitucional, no passado dia 11 de abril.