Mendes admite traumas da troika mas diz que ministro das Finanças do PS seria igual
O ex-líder do PSD Luís Marques Mendes reconheceu que ainda existem traumas do tempo da troika, mas defendeu que um ministro das Finanças do PS teria tomado as mesmas medidas do que os sociais-democratas.
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O comentador televisivo foi, esta quinta-feira, o convidado do jantar-conferência da Universidade de Verão do PSD e foi questionado sobre a escolha do Governo da ex-ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque para o cargo de comissária europeia, que mereceu críticas de toda a esquerda, incluindo de várias figuras do PS, que associaram a antiga governante ao período da austeridade e da troika.
"A decisão é uma decisão correta e uma decisão positiva e Maria Luís Albuquerque tem perfil para exercício da função", começou por dizer Marques Mendes.
O ex-líder do PSD entre 2005 e 2007 reconheceu, no entanto, que "há ainda um grande trauma do tempo da troika", período em que foram pedidos "muito sacrifícios", e disse compreender "alguns ressentimentos".
"Toda a gente tem direito a ter a sua opinião, mas devemos ser rigorosos e evitar demagogia", afirmou, defendendo que se tivesse sido o PS a vencer as eleições em 2011 e a governar as medidas teriam sido exatamente as mesmas, uma vez que estavam previstas no acordo assinado com a troika.
"Quem mandava era a troika, o discurso podia ser outro, a comunicação podia ser diferente. Mas sejamos francos e honestos e não sejamos demagógicos: com um ministro das Finanças socialista ou social-democrata as medidas eram aquelas porque eram aquelas que os credores impunham a Portugal", afirmou.
Na sua intervenção, que se estendeu por cerca de duas horas e meia, Mendes reafirmou uma convicção que já expressou no seu comentário televisivo da SIC quanto ao próximo Orçamento do Estado.
"É uma novela sem grande sentido: o Orçamento vai passar, ponto final parágrafo. Acho que este debate é muito pobre, gostava muito mais de um debate travado em torno do que vai ser o conteúdo" do documento, apelou.