Há menos empresas de táxi a operar em Portugal. De acordo com o Anuário Estatístico da Mobilidade e dos Transportes de 2020, no ano passado, existiam 9685 empresas licenciadas, menos 224 face 2019. Trata-se de uma quebra de 2,3% no número de licenciamentos, segundo os dados divulgados no relatório do Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT).
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Para Carlos Ramos, presidente da Federação Portuguesa do Táxi, há três razões que podem justificar esta redução: o abandono da atividade por parte dos empresários, os casos em que a suspensão voluntária da atividade devido à pandemia coincidiu com o ano de renovação do alvará ou a "concentração dos ativos" numa única empresa.
As licenças concedidas às empresas, segundo Carlos Ramos, têm de ser renovadas de cinco em cinco anos. Estima-se a existência de cerca de 12 mil viaturas em todo o país.
"Talvez a maior razão para esta redução tem a ver com a concentração de ativos, ou seja, proprietários que tinham três ou quatro alvarás e juntaram todos os carros num só alvará", referiu ao JN Carlos Ramos, explicando que a concentração de ativos dá uma "maior força negocial aos empresários junto de terceiros", por exemplo, na compra de pneus ou na gestão da frota.
Já Florêncio Almeida, presidente da Associação Nacional dos Transportes Rodoviários em Automóveis Ligeiros (ANTRAL), fala em "falta de rentabilidade" após o surgimento das plataformas digitais. "Não é só o problema da pandemia, mas também a falta de rentabilidade neste setor desde que apareceram as plataformas. É uma concorrência desleal. Naturalmente, houve muitos táxis que perderam a sua rentabilidade e tiveram de desistir", lamentou.
De acordo com o relatório do IMT, também o número de empresas licenciadas para o transporte pesado de passageiros diminuiu 2,9 % em 2020. No caso do transporte de mercadorias, a quebra foi de 3,4%. No que toca ao número de passageiros transportados por rodovia, registou-se uma quebra de 42% no ano passado.
Em 2020, houve ainda uma redução de 28% no número de matrículas efetuadas. No total, foram registados 293,6 mil veículos, dos quais 80,8% eram ligeiros. Houve também menos 52 497 cartas de condução emitidas. O IMT recorda que os dados de 2020 "refletem os acentuados efeitos da pandemia de covid-19 sobre o setor da mobilidade e dos transportes".