Apenas uma em cada cinco mulheres da área da Grande Lisboa convocadas para o rastreio do cancro da mama realizou o exame. Os dados foram revelados esta quarta-feira pela Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) alertando que a região tem uma maior incidência de resultados positivos face a outras zonas do país há mais tempo cobertas pelo rastreio. A baixa adesão pode também ser em parte explicada pela falta de médicos de família.
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As mulheres da Área Metropolitana de Lisboa foram as que menos comparecem às convocatórias de rastreio do cancro da mama da LPCC. Apenas 19,6% das convocadas compareceram nos 18 meses após a convocatória. No caso de Lisboa, os rastreios tiveram início em fevereiro de 2021.
Das 315 459 mulheres entre os 50 e os 69 anos que receberam a carta em casa apelando a comparecer ao rastreio do cancro da mama, apenas 62 316 realizaram o exame, contabilizando-se 366 diagnósticos.
Com uma taxa de diagnóstico de 0,59% face à taxa de 0,35% que se verifica nos concelhos dos distritos de Portalegre, Évora, Beja e Santarém, que tiveram uma taxa de resposta bastante superior à de Lisboa (com 61,2% de adesão), a LPCC alerta para o número mais elevado de diagnósticos na zona de lisboeta, apesar do menor número de rastreios realizados.
Nos concelhos da região Sul com rastreio anteriormente implementado foram convocadas 133 318 mulheres, das quais 81 624 compareceram e 293 foram diagnosticadas e encaminhadas para tratamento.
Os rastreios ao cancro da mama são gratuitos e são feitos por especialistas na área de modo a detetar a doença numa fase inicial. Marta Pojo, diretora dos projetos de Saúde do Núcleo Regional do Sul da LPCC, diz que o objetivo é "explicar às mulheres que diagnosticar a doença numa fase precoce pode mesmo salvar-lhes a vida".
Uma das causas apontadas para este baixo valor de resposta por parte das mulheres lisboetas - que ficou "muito aquém do esperado" - é o facto de muitas mulheres não terem acesso a médico de família, o que dificulta o processamento e encaminhamento dos diagnósticos, como refere a diretora em comunicado.
"Não deixe para depois" é o grande apelo deixado às mulheres da Grande Lisboa pela Liga Portuguesa contra o Cancro.