Nos principais emissores da TV norte-americana, o número médio de realizadoras negras, em 2014-2015, foi inferior a um.
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Numa altura em que a desigualdade de género está no centro do debate em Hollywood, a indústria televisiva junta-se também à discussão. E traz a jogo a questão racial. De acordo com um estudo divulgado nesta semana pela Associação de Realizadores da América (DGA), as mulheres, especialmente as mulheres de raça negra, estão em via de extinção nos bastidores das séries de TV.
Vamos a números: olhando individualmente para os principais emissores norte-americanos (AMC, FX, HBO, Netflix e Showtime), em mais de quatro mil episódios produzidos na temporada televisiva 2014-2015 o número médio de mulheres negras encarregues da realização foi inferior a um. O canal AMC, por exemplo, teve apenas uma realizadora com essas características, assim como o HBO e o Showtime. Já o FX e a Netflix não tiveram nenhuma.
A ausência total de profissionais, que não sejam homens de raça caucasiana, verificou-se, especificamente, em séries como Ossos, Sobrenatural, Investigação Criminal e Lei e Ordem. Já Anatomia de Grey é a exceção à regra, uma vez que convidou, em 120 episódios, 21 mulheres não caucasianas para a sala de direção.
"Os produtores dizem: 'Bem, não consigo que nenhum agente envie mulheres e pessoas de cor até mim'. Os agentes dizem: 'Não consigo que estas pessoas sejam aprovadas pelas estações'. As estações dizem 'Os estúdios não vão aprová-las'. Há um círculo vicioso de pessoas a culpar os outros", resumiu a produtora de Arrow, uma das 40 profissionais ouvidas neste estudo.