No ano passado, operação dos espanhóis da Mercadona em Portugal gerou um resultado líquido de 7 milhões de euros. Em 2025, quer abrir 10 novas lojas e duplicar ganhos.
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Cinco anos depois de abrir a primeira loja em Portugal e investidos mais de mil milhões de euros, a Mercadona deu, pela primeira vez, lucro em território nacional. A gigante espanhola do retalho alimentar fechou 2024 com 60 lojas, vendas de 1,8 mil milhões de euros e um resultado líquido positivo de 7 milhões de euros.
“2024 foi um ano espetacular! Pela primeira vez Portugal foi rentável. As 60 lojas em Portugal já estão todas consolidadas e são todas muito rentáveis”, afirmou, ontem, o presidente da Mercadona, Juan Roig, na apresentação das contas do grupo.
Roig admite que o valor ficou “abaixo do esperado”, mas traça, desde já, metas “ambiciosas” para 2025: “Duplicar lucros e chegar aos 14 milhões”.
Depois dos prejuízos dos primeiros anos, justificados por um “investimento fortíssimo”, o break-even chegou em 2023, deixando antever que 2024 seria ano de lucro.
Ao longo do exercício, a Mercadona investiu em Portugal 219 milhões de euros, abriu 11 novas lojas e está, agora, em mais dois novos distritos: Guarda e Évora. As vendas cresceram 27% para os 1,8 mil milhões de euros (dos quais 1,4 mil milhões comprados a fornecedores nacionais). Em 2025, o objetivo é investir mais 157 milhões de euros.
Sete mil empregos
No final de dezembro, a empresa empregava no país sete mil pessoas, mais 1700 face a 2023. Em 2025, criará mais mil novos postos de trabalho.
E o que falta à Mercadona em Portugal? “Precisamos de falar mais português”, frisou Juan Roig, detalhando: ter uma oferta em loja mais ajustada ao consumo nacional, explicar melhor, chegar a mais e melhores produtores.
Portugal pesa já 5% nas vendas do grupo que, em 2024, na soma da operação ibérica, faturou 38,8 mil milhões de euros (+9,3%), emprega 110 mil pessoas e tem 1674 lojas.
Apesar da guerra, da tragédia em Valência e da subida das matérias-primas, a Mercadona reduziu em seis euros o preço do cabaz de bens essenciais (220 euros). O segredo, diz Juan Roig, é “a satisfação dos cinco componentes e por esta ordem”: clientes, trabalhadores, produtores, sociedade e capital. “Pagar bem a trabalhadores e produtores, distribuir lucros, reinvestir, ter preocupação social (investiu 108 milhões na reconstrução de Valência) e só depois os acionistas”, rematou.
Chegada ao centro de Lisboa
Este ano, abrem 10 novos supermercados: Lisboa (Quinta do Lambert - Lumiar e Alta de Lisboa), Loures (Santa Iria de Azóia e Frielas), Penafiel (Milhundos), Fafe, Leiria (Vale Sepal), Matosinhos (São Gens), Palmela e Porto (Amial).
Bónus de 6 mil euros por funcionário
Dos 2,8 mil milhões de euros de lucro, 700 milhões foram distribuídos pelos trabalhadores. Por exemplo, um funcionário com quatro anos “de casa” e o salário base receberá, este mês, 6 mil euros de “bónus” anual. Em Janeiro, todos foram aumentados em 8,5%. “Funcionários satisfeitos, são mais produtivos e emprenhados”, frisa Roig.