Remuneração abaixo das qualificações, falta de progressão e horários desgastantes são alguns dos fatores que levam perto de metade dos farmacêuticos a afirmar-se desmotivado com a sua atividade profissional.
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O estudo hoje apresentado foi realizado pela Associação Portuguesa de Jovens Farmacêuticos (APJF), que promete para breve um acordo entre diversas entidades do setor com medidas concretas para melhorar o futuro e as condições da profissão.
Foram auscultados mais de mil farmacêuticos de diversas faixas etárias num estudo, divulgado hoje e promovido pela associação representativa dos jovens farmacêuticos, que conclui que 43% dos farmacêuticos comunitários confessam-se insatisfeitos ou muito insatisfeitos com a profissão farmacêutica. A percentagem é maior nos profissionais jovens, com 48% dos farmacêuticos com menos de 35 anos insatisfeitos com as condições de trabalho.
O referido estudo surge depois de a APJF ter anunciado que vai fazer um pacto com as entidades do setor para valorizar a profissão e que, promete esta organização, estará para breve.
Segundo os dados hoje divulgados, “a generalidade dos farmacêuticos não se encontra satisfeita com a sua remuneração”, considerando-a desfasada das qualificações profissionais e da realidade socioeconómica do país. A falta de oportunidades de progredir na carreira e os horários de trabalho desgastes são outros fatores apontados pelos participantes para a sua desmotivação.
Segundo a APJF, 60% dos inquiridos apresenta uma carga horária semanal superior a 40 horas. Antes mesmo dos números hoje apresentados serem divulgados, diversas entidades do setor estavam já em conversação, garantindo Lucas Chambel, presidente da Associação Portuguesa de Jovens Farmacêuticos, que “as principais organizações representativas do setor farmacêutico aceitaram de imediato o desafio de criar uma agenda que promova o desenvolvimento pessoal, profissional e social dos farmacêuticos comunitários, independentemente da idade”. Segundo o dirigente, a assinatura de uma “com medidas e objetivos concretos acontece brevemente”, acreditando que será um passo para a “ação coordenada que garanta a atração e retenção de talento farmacêutico”.
Apesar das dificuldades apontadas, o estudo evidencia alguns aspetos positivos. De um modo geral, os farmacêuticos consideram que as farmácias dispõem das condições essenciais de qualidade, segurança, privacidade dos utentes e bem-estar das equipas.
”Perto da totalidade dos inquiridos acredita que a sua atividade profissional tem “umimpacto positivo na saúde e bem-estar da população”.
Pacto apresentado há 6 meses
O pacto de compromisso enviado em outubro do ano passado pela Associação Portuguesa de Jovens Farmacêuticos a diversas entidades do setor está agora a ser trabalhado, garante este coletivo. À data, uma proposta de compromisso para a valorização da profissão e da farmácia comunitária, incluindo melhores condições de trabalho, foi remetida à Ordem dos Farmacêuticos, Sindicato Nacional dos Farmacêuticos, Associação de Farmácias de Portugal, Associação Nacional das Farmácias, Associação Portuguesa de Estudantes de Farmácia e à Associação Portuguesa de Farmacêuticos para a Comunidade.
A propósito dos resultados do estudo hoje divulgado, o presidente da APJF, Lucas Chambel, afirmou que estes coletivos estão já a trabalhar no pacto solicitado, procurando apresentar, em breve, medidas concretas que alavanquem a profissão e os profissionais de farmacêutica