"É um retrocesso e uma tristeza para o meu país e para mim enquanto portuguesa ver uns senhores no Tribunal Constitucional acharem que os animais são coisas e não têm direitos, porque podem ser mortos, maltratados, deixados a morrer à fome e à sede sem haver punição", lamenta Rita Francisco, uma dos milhares de participantes na manifestação convocada pelo Intervenção e Resgate Animal (IRA), este sábado, em Lisboa, para defender a criminalização dos maus tratos aos animais.
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Já para Susana Rica, outra das centenas de manifestantes que desfilam entre o Marquês de Pombal e o Rossio, a abolição da lei em causa vai agravar as situações de maus tratos que ainda ocorrem. "Se já até aqui há tanta crueldade, tanta maldade, se deixarem cair a lei, o que pode acontecer mais?", lamentou, em conversa com o JN, acrescentando que a lei não só não deve ser revogada, como deve punir os infratores de forma mais eficaz.
"Mesmo que se consiga levar alguma coisa a tribunal, depois fica tudo a marinar em águas de bacalhau", disse, apontando o caso dos 18 crimes de maus tratos a animais de companhia imputados ao cavaleiro tauromáquico João Moura. Fernanda Oliveira, outra manifestante e sócia do IRA há dois anos, confessou ao JN estar "rendida ao ser humano" após ver a adesão ao protesto.
Rita Francisco, ativista de 56 anos, empunhava um cartaz onde se podia ler "Maus tratos a animais sem lei, não".
https://www.facebook.com/intervencaoresgateanimal/videos/934200047569237
Numa concentração que reuniu milhares de pessoas no Marquês de Pombal esteve presente Inês Sousa Real e outros membros do PAN, que empunhavam cartazes onde se lia "Criminoso e inconstitucional é maltratar um animal".
O protesto teve como destino o Rossio e passou pelo Tribunal Constitucional, a quem os manifestantes apelam que não declare pela inconstitucionalidade da lei que penaliza os maus tratos a animais.
"Como defensores da sociedade livre, justa e solidária, hoje lutamos!", declarou o presidente do IRA, Tomás Pires, num discurso que fez no Marquês de Pombal.
Duarte Cordeiro, ministro do Ambiente e da Ação Climática, disse, em declarações à RTP, compreender a indignação popular e que o Governo tudo fará para garantir a proteção dos animais e irá avançar com o regime geral do bem estar animal.