Um militar do Comando Territorial da GNR de Aveiro aguardou mais de seis horas pelo atendimento da SNS24, para despistar uma suspeita de contágio, por ter um familiar com Covid-19. À falta de uma resposta, mesmo com outros colegas a ligarem para aquela linha telefónica, o militar acabou por fazer um dia de serviço e rumar a casa sem resposta.
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O JN apurou que o militar, ao serviço num dos postos do distrito de Aveiro, informou os superiores hierárquicos e os colegas logo pela manhã desta segunda-feira de que se tratava de um suspeito de Covid-19, tendo em conta que um familiar com quem terá um contacto regular estará infetado pelo novo coronavírus.
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Quer o militar, quer os colegas tentaram em vão realizar a despistagem do caso pela Linha SNS24. Porém, nunca foram atendidos. O suspeito manteve-se ao serviço, na área administrativa, até ao final da tarde, quando foi enviado para casa, com dispensa de regresso ao trabalho amanhã (terça-feira).
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O Comando Territorial da GNR de Aveiro garantiu, ao JN, ter identificado este caso e recomendado ao militar seguir o protocolo da Direção-Geral da Saúde (DGS) para a despistagem dos suspeitos de Covid-19, que inclui a validação através da linha telefónica 808242424.
A mesma fonte do Comando Territorial explicou que reportou este caso ao centro de apoio clínico do Comando Geral da GNR.
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No distrito de Aveiro, há já um caso de um sargento da GNR que foi infetado pelo coronavírus, que já matou um doente de 80 anos e infetou um total 331 pessoas em Portugal. E no Comando Territorial do Porto, 16 militares estão de quarentena depois de um médico que presta ali serviços ter dado positivo ao Covid-19.
Ao JN, César Nogueira, presidente da Associação dos Profissionais da Guarda (APG/GNR), lamentou o episódio e frisou que "todos os postos têm, e se não têm é grave, um sala de confinamento para casos suspeitos, sejam eles militares, sejam eles cidadãos que por algum motivo estejam naquelas instalações".
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"Esse militar não deveria ter estado em contacto com os restantes, tal como não deveria ter sido submetido a essa espera da Linha SNS24", referiu.
"Estamos num momento difícil, de uma epidemia com efeitos desconhecidos, e todo a urgência na despistagem de profissionais de qualquer autoridade nacional é essencial. Não se admite tal demora e, ainda por cima, uma falta de resposta", disse o dirigente.
Refira-se que os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) deixaram de publicar os dados diários da atividade da SNS24 há uma semana. Depois de, no dia 9 de março, a linha ter registado 27.679 chamadas, das quais 15.600 acabaram por desistir, desconhece-se os números. Na última semana, a ministra da Saúde, Marta Temido, admitiu no Parlamento que no dia 10 de março as chamadas teriam chegado às 40 mil.