Cerca de 1400 militares portugueses, eslovacos, espanhóis e romenos concluem esta sexta-feira o exercício ORION24, destinado a testar a integração das forças do exército nos mecanismos de defesa coletiva da NATO, no restabelecimento da soberania e da integridade territorial.
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Destes, 24 portugueses da Brigada Mecanizada de Santa Margarida, em Santarém, onde está a decorrer o exercício, integrarão uma missão na Eslováquia, liderada por Espanha, a partir de junho.
Comandante da força nacional destacada para a Eslováquia, Bernardo Quintela, 27 anos, explicou ao JN que a intenção desta missão é “fortificar a defesa e fazer uma demonstração de força no local”, na sequência da invasão da Ucrânia pela Rússia. “Caso exista um avanço de algum país pertencente à NATO, somos a primeira linha de defesa”, assegurou o tenente de cavalaria de Santa Margarida, que terá a seu cargo 22 homens e uma mulher, a soldado Eva Lopes.
Há cerca de um ano na tropa, Eva Lopes, 21 anos, confessou ao JN que nem quis acreditar quando soube que ia integrar a missão à Eslováquia. “Não é comum isto acontecer. Vai ser uma oportunidade única”, observou. “É uma sorte tanto para mim, como para um camarada que tem exatamente o mesmo tempo de tropa”, garantiu. “Estamos muito felizes por termos conseguido.” Sem receio de participar num cenário de conflito, disse sentir-se “exatamente igual a qualquer um dos restantes militares do pelotão”, apesar de ser a única mulher.
Força mais musculada
Concluída a preparação tática, segue-se a parte logística, para que os militares portugueses possam partir para Base Militar de Last, na Eslováquia. “Estamos mais do que prontos para cumprir a nossa missão”, assegurou o comandante da força nacional. “O que está, neste momento, planeado pelo Exército português é, ao fim dos seis meses, sermos rendidos por uma força mais musculada, que terá um pelotão de carros, um pelotão de atiradores e, possivelmente, um pelotão de apoio”, revelou.
O ministro da Defesa, Nuno Melo, esteve, esta quarta-feira, em Santa Margarida, a assistir à sessão de fogos reais com os sistemas de armas, nacionais e internacionais, no âmbito do exercício ORION24. No final, disse que as Forças Armadas mostraram ao país o “estado de eficácia e de prontidão”. “É isso que temos de sublinhar em tempos difíceis, quando a guerra está junto às fronteiras da União Europeia e do perímetro NATO, e quando os conflitos se intensificam no Médio Oriente.”
“Depois de oito anos sem grande investimento nas Forças Armadas, garanto que, muito em breve, daremos uma melhor resposta”, garantiu Nuno Melo aos jornalistas. Nesse sentido, assegurou estar a ser preparado um pacote legislativo, para dignificar as Forças Armadas, dar melhores condições no recrutamento e reter os militares, sem esquecer os antigos combatentes.