Xoan Mao, secretário-geral do Eixo Atlântico, defendeu, esta quinta-feira, um formato diferente de controlo das fronteiras, que salvaguarde a mobilidade dos habitantes das zonas raianas portuguesas. Sugere que os postos transfronteiriços sejam instalados à saída das localidades junto à fronteira, em vez dos locais habituais de atravessamento, como as pontes.
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"Estamos sempre contra o fecho das fronteiras, mas entendemos que esta é uma situação excecional a nível europeu. E, portanto, compreendemos mas pedimos medidas excecionais: não fechar as fronteiras no interior das cidades, mas sim no exterior", declarou Xoan Mao, dando como exemplo o caso da Eurocidade Valença-Tui, onde os postos de controlo seriam colocados à saída dessas cidades, para que a população continue a poder atravessar a fronteira.
"Assim as pessoas de Tui e de Valença continuam a poder partilhar o comércio essencial e não se mata a economia das cidades", argumenta. "Pedimos sempre que [esta medida do fecho das fronteiras] fosse tomada em última instância e, ainda assim, tendo em conta as particularidades das populações e dos trabalhadores transfronteiriços", acrescentou.
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Victor Mendes, Presidente da Câmara de Ponte de Lima, admite que a gravidade da pandemia, possa requerer um novo encerramento das fronteiras, mas teme pelas consequências económicas.
"Em territórios como o Alto Minho, que dependem muito dos nossos vizinhos da Galiza, é mais uma facada na nossa economia", declarou, considerando que "o turismo está parado, mas há economia além da questão turística".
"Há relações empresariais entre Portugal e a Galiza, que esperemos que não sejam afetadas. O Alto Minho tem uma dinâmica económica, social, cultural com a Galiza e quando as fronteiras estão fronteiras agravam-se estes impactos negativos". Reconhece, contudo, que face à dimensão da pandemia, que coloca Portugal no topo dos países com mais casos, "o fundamental neste momento é a saúde".
Já o autarca de Viana do Castelo, José Maria Costa, concorda inteiramente com a medida. "Primeiro temos de controlar a doença e depois temos de gerir a economia", diz, comentando que "numa situação destas, o valor da vida e da proteção da vida, é fundamental".
"Temos de fazer este combate. Percebo que afeta muitas atividades económicas, mas se tivermos uma pandemia e morrerem as pessoas, também não há atividade económica", defendeu José Maria Costa, referindo ainda que "uma situação pandémica muito crítica" justifica o encerramento de fronteiras. "São barreiras. É como quando é preciso vedar um concelho para controlar a pandemia", afirma.
O Presidente da Câmara de Caminha, Miguel Alves, considera a medida "absolutamente inútil" no contexto da região do Alto Minho, tendo em conta que a realidade "de confinamento duro" dos dois lados da fronteira é idêntica.
"Tudo o que são restaurantes, cafés, equipamentos culturais e desportivos estão encerrados dos dois lados, e a circulação entre concelhos do lado espanhol também está proibida, portanto, o encerramento da fronteira só tem um efeito: o prejuízo direto e imediato de milhares de trabalhadores transfronteiriços", defendeu, recordando que, com a medida, a mobilidade em trabalho estaria confinada a um ponto de passagem (fronteira de Valença) tal como aconteceu no primeiro fecho. "Hoje a atividade social na fronteira do rio Minho já está reduzida ao mínimo. Portanto, a medida é inútil", sublinhou.