Eduardo Cabrita garantiu à Liga dos Bombeiros Portugueses que o Estado pagará, a partir de segunda-feira, a dívida de seis milhões de euros relativos à participação das corporações no dispositivo de combate a fogos, durante o mês de setembro.
Corpo do artigo
O compromisso do ministro da Administração Interna surgiu 24 horas após o presidente da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), Mourato Nunes, informar todas as corporações das dificuldades da instituição em saldar o montante.
Já há duas semanas, Mourato havia admitido à Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) que a regularização dos compromissos não dependia da ANEPC, mas antes do do Ministério das Finanças.
O JN apurou que na quinta-feira de manhã, horas antes de assumir o pagamento, Eduardo Cabrita terá chamado Mourato ao ministério, devido ao alegado desconforto que causou a missiva enviada aos bombeiros na quarta-feira. Contactada, a ANEPC não fez comentários a este caso até ao fecho da edição.
LBP critica "nervosismo"
Ao longo de quarta-feira, os comandantes distritais da Proteção Civil fizeram chegar às corporações uma carta, a pedido de Mourato, em que se apela à "melhor compreensão" sobre as dívidas e se salienta o esforço da instituição para arranjar o dinheiro.
António Carvalho, presidente da Federação dos Bombeiros do Distrito de Lisboa, recebeu a tal missiva e acusa a ANEPC de "displicência". "Pagou aos funcionários da ANEPC em outubro e não aos bombeiros. Vir dizer agora que não há dinheiro e que está a envidar esforços demonstra que os interesses dos bombeiros não foram acautelados", apontou, ao JN.
Jaime Marta Soares, presidente da Liga dos Bombeiros, questionado pelo JN pela forma como Mourato contactou diretamente com os bombeiros, em vez de o fazer através da LBP, foi lacónico: "Lamento o nervosismo da ANEPC e espero que seja mantido o respeito institucional pela representante dos bombeiros".
Respostas
Contas da dívida...
O montante que Cabrita se comprometeu a pagar - cerca de seis milhões de euros - é apenas uma parte da dívida. Corresponde à diária de cada um dos elementos previstos no dispositivo de combate a incêndios em setembro, quando o nível de perigosidade estava no nível quatro. Isto é: 3920 homens, que estiveram mobilizados, têm de receber 50 euros diários, a multiplicar por 30 dias do mês passado.
...que fica em falta
Se for saldado o valor anterior, ficarão ainda em falta dois milhões de euros correspondentes a despesas extraordinárias, desde 2018 até julho de 2019.