A decisão ainda não é oficial, mas as escolas já estão a preparar-se para um 3.º período passado em casa.
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O Ministério da Educação - que já enviou aos agrupamentos um guião para operacionalização do ensino à distância - está a fazer um "levantamento pormenorizado" do número de alunos sem computador e Internet e "a contactar operadores de telecomunicações e empresas de hardware para explorar as melhores soluções para uma resposta rápida" a esses alunos. Sem aulas presenciais à vista, os professores defendem o adiamento dos exames do Secundário e a suspensão das provas de aferição.
"Não vale a pena construir cenários, quem está no terreno já percebeu que não há condições para se recomeçar a trabalhar nas escolas nos próximos dois meses", assume Manuel Pereira. E, por isso, a prioridade para o presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE) é contrariar a perda de tempo que a pandemia está a roubar às escolas. É preciso alterar metodologias e encontrar soluções para quem não tem acesso ao ensino online.
"Já todos perceberam que não vai haver aulas no 3.º período. Podemos atenuar alguns problemas, usar as televisões e plataformas digitais para consolidar aprendizagens, mas não é o mesmo", sublinha Mário Nogueira. A Federação Nacional de Professores propõe, por isso, a suspensão das provas de aferição e dos exames do 9.º ano e o adiamento dos exames do Secundário. No limite, para setembro, pois os alunos precisam de aulas de compensação. A proposta implicaria a revisão do calendário de acesso e das aulas do Superior.
João Guerreiro, presidente da Comissão Nacional de Acesso ao Ensino Superior, admite ser "prematuro" o Ministério da Educação adiar os exames, mas assume que o concurso nacional só pode ser feito após as provas, pois as instituições precisam das notas para selecionar os alunos. O Reino Unido, recorda, decidiu cancelar os exames e Espanha optou pelo seu adiamento.
Manuel Pereira acredita que o Conselho de Ministros de 9 de abril anunciará decisões. Sobre o guião enviado às escolas [ler texto ao lado], Pereira diz que "não passa disso mesmo". Para Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de diretores (ANDAEP), são orientações que uniformizam as respostas.
Abandono pode subir
Filinto Lima reuniu ontem através de videoconferência com os outros 17 diretores de Gaia, os dois de Espinho e um professor do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores (INES TEC) da Universidade do Porto. Objetivo: "Encontrar uma solução para dar acesso aos alunos que não têm computador em casa". As escolas, alerta, já não conseguem contactar alguns desde a suspensão das aulas.
Nogueira alerta para o possível aumento do abandono escolar. Maria Emília Brederode Santos, presidente do Conselho Nacional de Educação, também admite "essa possibilidade" com o prolongamento do ensino à distância. "Se os alunos se sentirem perdidos e não conseguirem perceber as tarefas, é natural que acabem por desistir".