O ministro da Saúde anunciou, esta manhã de sexta-feira, que vai convocar os sindicatos médicos para uma nova ronda negocial "nos próximos dias". Manuel Pizarro deixou a ideia de que as propostas em cima da mesa serão mantidas, mas admitiu estar menos otimista. A reunião será no dia 23 de novembro.
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A última reunião entre a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) e o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e o Ministério da Saúde, marcada para dia 8 de novembro, foi desconvocada na sequência do pedido de demissão do primeiro-ministro António Costa.
Desde então, os sindicatos médicos têm pedido à tutela para retomar das negociações, alegando que o Governo está em plenitude de funções, mas o Ministério da Saúde encontrava-se a avaliar a situação, face à atual crise política, para saber até onde pode ir nas negociações.
"Esta crise política tem consequências, não porque esteja em causa a legitimidade do Governo, mas evidentemente porque não estamos em condições normais do ponto de vista da assunção de compromissos muito significativos para o futuro, mas ainda assim vamos convocar os sindicatos para uma nova ronda negocial nos próximos dias", afirmou Manuel Pizarro. Entretanto, o Ministério da Saúde divulgou que as negociações serão retomadas na próxima quinta-feira, dia 23 de novembro.
O ministro insistiu que o Governo aproximou-se das reivindicações dos médicos, aceitando o regresso faseado ao regime das 35 horas semanais e a redução de 18 para 12 horas por semana de trabalho normal no serviço de urgência, bem como a valorização salarial dos médicos, mas não viu o mesmo esforço do lado dos sindicatos.
Por outro lado, ressalvou, as medidas têm de ter uma compensação, sob pena dos hospitais ficarem com ainda maiores dificuldades, e há um "tripé" que não se pode perder de vista: "Desta negociação tem de resultar a melhoria do acesso dos portugueses aos cuidados de saúde, uma capacidade de organizar melhor o SNS e tem de resultar a valorização da carreira e da remuneração dos profissionais de saúde, nomeadamente dos médicos", explicou o ministro.
"Já estive mais otimista", diz Pizarro
Questionado sobre se está confiante num acordo, Manuel Pizarro referiu que a pergunta tem de ser feita também aos sindicatos, referindo, contudo, que "se há uma nova ronda negocial pressupõe a possibilidade de entendimento". Ao elencar as medidas, o ministro deixou a ideia de que o que as propostas feitas até agora pela tutela aos médicos mantém-se, apesar da crise política e da dissolução da Assembleia da República após a aprovação do Orçamento do Estado de 2024.
Ainda assim, Manuel Pizarro admitiu que a expectativa num entendimento baixou. "Para ser franco, já estive mais otimista", confessou.