Além do ministro da Coesão, Castro Almeida, as ministras da Justiça, Rita Júdice, e do Trabalho, Maria do Rosário Ramalho, também têm participações em empresas ligadas ao setor imobiliário, avançou esta sexta-feira a RTP.
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Rita Júdice integra quatro sociedades com negócios na área, sendo que, em duas delas, tem 50% das quotas. É o caso da Périplo Essencial, cuja área de atuação é "Imobiliário e Turismo", e da Pedrasgest, da mesma atividade. Segundo a RTP, a ministra com a pasta da Justiça detém ainda 30% da Canforeira e uma percentagem mais pequena da Stone SPA.
A ministra do Trabalho tem a maioria do capital de uma empresa chamada Rosário Palma Ramalho, com atividades de consultoria e "de gestão de património imobiliário".
A RTP já tinha noticiado ontem que o ministro da Coesão, que tutela a lei dos solos, possuía uma participação de 25% numa sociedade imobiliária, que foi vendida no dia 13 de fevereiro. "Quis cortar o mal pela raiz. Não era ilegal", afirmou o governante.
A quota de 25% na empresa imobiliária Quantun 98 existia há 27 anos e foi na semana passa que o ministro da Coesão decidiu vender essa participação. "No passado mês de janeiro decidi vender a minha quota. Começou a gerar-se no espaço público a ideia que ter uma empresa imobiliária era uma vantagem com a lei dos solos. O que é errado. A lei aplica-se tanto a empresas como a pessoas individuais", defendeu Castro Almeida à RTP.
"Para não haver nenhuma suspeita, para defender a lei dos solos sem suspeita de que estava a defender em causa própria, em proveito próprio, quis vender", disse o ministro, cujo secretário de Estado Hernâni Dias se demitiu após ser conhecido que tinha criado uma empresa de compra e venda de imóveis já depois de aprovada a lei dos solos. Por isso, Castro Almeida não vê semelhanças nos casos. "Era sócio há mais de 25 anos. Não tinha que vender. Não era ilegal", justificou esta sexta-feira. Por isso, garante que irá defender a lei, "muito boa e que será utilíssima para o país".
Mas a RTP fez mais revelações. Um dos sócios nesta imobiliária é igualmente dono de uma construtora que trabalhou com a Câmara de São João da Madeira, quando Castro Almeida era presidente. Entre 2009 e 2013, a Construções Fernando Soares Ferreira teve oito ajustes diretos e venceu um concurso público. No total foram obras a valer 400 mil euros, com o então autarca a fazer ajustes diretos a uma empresa detida por um dos seus sócios numa outra sociedade, a Quantun 98, com sede em Vale de Cambra.
O Parlamento debate esta sexta-feira uma moção ao censura ao Governo, promovida pelo Chega, pelo facto de Luís Montenegro ter vendido também a sua participação numa imobiliária, que detém com a mulher e filhos.