Ministro da Agricultura diz que haverá plano para travar propagação da doença da língua azul
O ministro da Agricultura defendeu esta terça-feira, no Parlamento, que o Governo atuou "de forma imediata" face à doença da língua azul e anunciou que haverá um plano nacional para travar a propagação do vírus.
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"O que estamos a fazer é ser rápidos. Nós atuámos de forma imediata. O que nós fizemos foi avançar [nesta matéria]", referiu José Manuel Fernandes, em resposta aos deputados, numa comissão conjunta com as comissões de orçamento, Finanças e Administração Pública e Agricultura e Pescas.
O Ministério da Agricultura está a preparar o reforço dos apoios às organizações de produtores face à doença da língua azul e vai investir num plano de desinsetização para travar a propagação, avançou à agência Lusa.
Além do reforço da subvenção anual dada às organizações de produtores, o executivo de Luís Montenegro vai investir num plano nacional de desinsetização para travar a propagação do vetor transmissor e da doença. O ministério liderado por José Manuel Fernandes adiantou que este plano vai permitir evitar a propagação do serotipo três da língua azul, mas também de outras doenças transmitidas por insetos, como a doença hemorrágica dos bovinos.
O Governo não revelou quando é que este plano vai avançar.
Três medicamentos autorizados temporariamente
No Parlamento, o ministro da Agricultura aproveitou para esclarecer que existem três vacinas contra a doença da língua azul, mas ressalvou não existir uma autorização comercial para todas. Neste sentido, disse existir uma "autorização temporária" para a utilização dos medicamentos em causa, lembrando que são necessários testes preliminares "que ainda não aconteceram".
Contudo, o ministro sublinhou que não existem Estados-membros da União Europeia que já tenham recebido uma autorização comercial.
A Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) autorizou, temporariamente, três medicamentos contra a língua azul, dois dos quais ainda não estão disponíveis no mercado.
O governante apontou ainda que Portugal já comprou pelo menos mais de três milhões de vacinas contra a doença da língua azul. As vacinas contra os serotipos um e quatro foram adquiridas pela Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), enquanto as para o serotipo três, detetado em 13 de setembro, são compradas pelas organizações de produtores.
Todos os distritos atingidos
Os serotipos três e quatro do vírus da língua azul já atingiram todos os distritos de Portugal continental, só a Madeira e os Açores estão livres da doença.
A febre catarral ovina ou língua azul é uma doença viral, de notificação obrigatória, que afeta os ruminantes e não é transmissível a humanos.
Em Portugal estão a circular três serotipos de língua azul, nomeadamente o BTV-4, que surgiu, pela primeira vez em 2004 e foi novamente detetado em 2013 e 2023, o BTV-1, identificado em 2007, com surtos até 2021, e o BTV-3, detetado, pela primeira vez, em 13 de setembro.