Ministro da Educação foi “enganado pela sua própria máquina”, critica Rui Rocha
O líder da Iniciativa Liberal teceu duras críticas ao ministro da Educação perante o conflito levantado pelas diferenças na contagem do número de alunos sem aulas. Rui Rocha defendeu um modelo híbrido de aulas, entre presenciais e online, para combater a falta de docentes
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Rui Rocha criticou, este sábado, as imprecisões na contagem dos alunos sem aulas afirmando ser difícil acreditar no Governo quando o anúncio de que o Ministério da Educação e o Governo “tinham conseguido um extraordinário resultado de diminuição do número de alunos sem professor” e “se engana”.
O líder da IL falava durante o Conselho Nacional do partido, que decorre na Batalha, em Leiria, onde defendeu um modelo híbrido na educação, entre conteúdos online, ou seja, lecionados à distância, aulas assíncronas e presenciais, para ajudar a diminuir, no imediato, o número de alunos sem professor.
"Como é que se pode olhar para o futuro da educação, se o próprio ministro, a sua equipa e a máquina do Ministério da Educação não conseguem saber números tão básicos? Se esta máquina absolutamente centralizada não consegue cruzar meia dúzia de números e ter informação, como é que vai ser possível gerir?”, apontou Rui Rocha no arranque dos trabalhos, ao referir que Fernando Alexandre foi “enganado pela sua própria máquina”.
Serviços vão prestar contas
Já na quinta-feira, o partido, bem como o Bloco de Esquerda, pediu a comparência do ministro no Parlamento, depois de Fernando Alexandre ter reconhecido erros nos cálculos da Direção-Geral de Estabelecimentos Escolares (DGEstE). Perante as dúvidas, o governante anunciou uma auditoria aos serviços do ministério.
Recorde-se que, em jeito de balanço do primeiro período deste ano letivo, o Governo anunciou, há uma semana, que 2238 alunos estavam sem aulas a, pelo menos, uma disciplina desde setembro. Um número que, de acordo com os cálculos assumidos pela tutela, caiu 89% face aos quase 21 mil alunos sem aulas, em período similar, no ano letivo passado. Afinal, não terão sido 21 mil, mas sim 3295 alunos, apontam os dados da DGEstE.
Ainda sobre os problemas na Educação, o liberal considerou que o papel do professor continua a ser visto “com uma intervenção unidirecional”, quando poderia ser “um tutor da educação dos alunos, alguém que ajuda e que tira dúvidas”. Nesse sentido, defendeu um modelo de aulas diferente do atual.
“A exposição teórica tem de ser sempre feita numa sala de aula de um professor para 20 alunos? Não há extraordinárias exposições teóricas, de extraordinários professores, que podem ser feitas por um professor e que centenas de milhares de alunos podem acompanhar [à distância] com benefício na qualidade da educação?”, questionou. No entanto, o liberal não detalhou a que ciclos é que se esse modelo de aulas híbridas se aplicaria.
Para Rui Rocha, era isso que se deveria estar a discutir em Portugal, ao invés de centrar a discussão no número de alunos afetados pela falta de docentes, pelo que a IL entende que “este orçamento, esta visão, é totalmente insuficiente para aquilo que o país precisa”.
As dúvidas quanto aos números avançados pela tutela foram colocadas, desde logo, pela líder parlamentar do PS, Alexandra Leitão, que garantiu que o número de alunos sem aulas rondava os dois mil e nunca os cerca de 21 mil. Neste momento, nenhum dos números bate certo com os referidos pelo ministro e pelos socialistas. Já em relação aos números do presente ano letivo, Fernando Alexandre garantiu que "estão certos", pelo que estará apenas em causa o número relativo ao de 2023/2024.
Rui Rocha criticou também outras descidas anunciadas pelo Governo, como a dos impostos, “que já tinha sido concretizada com o orçamento que vinha do anterior governo”, o número de cirurgias, “cujos números não batem certo” ou o lucro do SNS, cujo desvio era diferente.