O ministro teve oportunidade de conhecer os espaços mais informais do Quadrilátero e, de Guimarães, levou a "encomenda" de um filme sobre a fundação da nacionalidade
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O ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, esteve, esta terça-feira, no distrito de Braga, no âmbito do "Percurso: cultura que somos", um programa de visitas em torno de um tema mensal, que pretende abranger todo o território nacional. Estes "percursos" iniciaram no dia 20 de setembro passado e, excecionalmente, o primeiro tema, cultura urbana, prolongou-se para o mês de outubro.
Depois de, no mês passado, ter andado por Lisboa e arredores, Pedro Adão e Silva veio agora ao Norte e começou por Famalicão, onde visitou o grupo de dança contemporânea Intranzyt Cia, que tem um repertório de âmbito nacional e internacional, sob direção artística de Cristina Pereira e Vasco Macide. Em Braga, o ministro visitou a zet.gallery um projeto ligado à arte contemporânea que abre espaço a artistas emergentes. Ainda na capital de distrito, teve um encontro com agentes culturais locais, representando projetos ligados à música, à arte urbana, ao design e às "media arts".
Na terceira paragem deste périplo, o ministro visitou a editora Lovers & Lollypops que, além da atividade editorial, também se dedica à promoção de concertos e festivais como o "Milhões de Festa" e o "Tremor".
FILME SOBRE A FUNDAÇÃO DE PORTUGAL
A última paragem do dia foi em Guimarães, no Centro para os Assuntos da Arte e da Arquitetura, onde o realizador Rodrigo Areias e o autarca local, Domingos Bragança, desafiaram o ministro para a realização de um "filme épico" sobre a fundação da nacionalidade. "Em 2028 comemoram-se os 900 anos da Batalha de São Mamede, ato fundador da nacionalidade portuguesa, seria muito interessante termos o filme pronto nessa altura", afirma Domingos Bragança. "É uma utopia, mas eu estou a lançar a semente, porque outros países têm filmes deste tipo sobre as suas origens. Já falei com outros ministros e até com o Presidente da República sobre esta ideia", acrescenta Domingos Bragança.
Sem falar sobre a possibilidade deste filme, Pedro Adão e Silva diz que depois deste périplo por Braga, "fico com a ideia de que há múltiplos centros culturais, a cultura não se reduz às áreas metropolitanas de Lisboa e Porto". O ministro realça que ficou com a ideia de que para além das entidades que são apoiadas, nomeadamente pelos concursos da DGArtes, "há um conjunto de iniciativas emergentes, ligadas à cultura urbana, com linguagens e gramáticas inovadoras, com uma dinâmica muito interessante". Pedro Adão e Silva afirma que "o papel do ministro é ouvir e estar presente nos contextos institucionais, mas também no hip-hop em crioulo, que se faz na Área Metropolitana de Lisboa, ou nas bandas de rock em Barcelos".
CIAJG SEM APOIO EXTRAORDINÁRIO
Questionado sobre a pretensão vimaranense de ver o Centro Internacional de Artes José de Guimarães (CIAJG) financiado diretamente pelo Ministério da Cultura, à imagem do que acontece com outra infraestrutura que resultou de uma Capital Europeia da Cultura, a Casa da Música, no Porto, o ministro sublinhou que se trata de um caso único. "A Casa da Música tem uma história muito particular nasceu de uma dinâmica da sociedade civil. Nasceu no Porto Capital da Cultura, mas tem uma história e é isso que explica o seu estatuto. Não podemos replicar esta ideia de que, quando temos uma iniciativa, o Estado vai apoiar as estruturas que resultam destas organizações. É importante que haja aqui alguma autonomia", esclareceu. Para Pedro Adão e Silva, essa autonomia assenta num triangulo que engloba o financiamento público, por concurso, o financiamento das autarquias e a mobilização de recursos privados.