A mobilização para a vigília de oração em solidariedade para com as vítimas de abusos sexuais, agendada para a noite desta quarta-feira, entre as 21 e as 22 horas em todas as dioceses portuguesas, foi feita nos altares das igrejas e nas redes sociais. No fim de semana, vários párocos anunciaram durante a missa o local e hora da vigília e apelaram à participação dos católicos na concentração de "Quarta-Feira de Cinzas".
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A iniciativa foi marcada por um grupo de católicos, em Lisboa, para "mostrar vergonha e pedir perdão" pelos abusos sexuais no seio da Igreja e, rapidamente, foi seguida por leigos em todo o país.
"Não podemos ficar indiferentes ao que agora sabemos claramente, mas podemos ser proativos para que estas situações não se repitam", afirmou Sofia Thenaisie, uma das organizadoras da vigília no Porto. Na Invicta, o encontro será junto à Torre dos Clérigos e cada participante deverá levar uma vela. "Houve coragem na encomenda e na realização do relatório. Terá que haver, também, coragem para as mudanças necessárias. E estamos juntos, religiosos e leigos na procura desse novo caminho", referiu, ainda, a professora da Universidade Católica.
Sem discursos
Em Lisboa, a vigília está marcada para as imediações do Mosteiro dos Jerónimos. Em Braga, o encontro será em frente à Igreja dos Congregados. Em Coimbra, realizar-se-á no Largo da Sé Nova; em Santarém, junto à Igreja do Seminário e; em Ponta Delgada, por exemplo, em frente à Igreja do Colégio.
"Pretendemos assinalar a nossa comum responsabilidade, enquanto leigos, pelos caminhos da Igreja", pode ler-se no documento que acompanha o convite para a participação na vigília. No evento onde, segundo a organização, não haverá discursos, os católicos querem demonstrar "solidariedade" às vítimas, para que "saibam e sintam que não estão sozinhos no caminho das transformações corajosas que são necessárias".
Os promotores afirmam que "a divulgação do relatório da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Menores na Igreja Católica não pode deixar nenhum católico indiferente. À vergonha que coletivamente sentimos, junta-se a necessidade de, enquanto membros da Igreja, manifestar às vítimas e seus familiares o nosso pedido de perdão, pela passividade e omissão de vigilância, cuidado, atenção e acolhimento em que incorremos", frisam ainda.